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Treinos a porta fechada

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Estava pensando em formação de jiujitsu,é muito árduo como pai formar meus filhos no jiujitsu,estudei economia,engenharia finanças e administração,para me manter atualizado estou sempre estudando o que preciso para vender meus produtos,a única matéria que continuei estudando sempre sem parar é o jiujitsu,dentro da mesma arte me obrigando a melhorar para ensinar,é diferente de adquirir conhecimento para vender,vender e continuar vendendo é a pós venda,é isso o ensino de uma arte é uma eterna pós venda,se você parar de aprender seu produto envelhece e se torna obsoleto e você não o consegue comercializar mais,o jiujitsu é isso uma eterna busca de aprender e melhorar!Quem não o faz para no tempo e no espaço!

Sem palavras...

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Q Alm e Lawyer continuem tendo esse tipo de conversa, que compartilhem ao mundo as experiencias que tiveram, para nos que nao vivenciamos, cada palavra eh um tesouro.

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Longe do nível dos posts dos mestres Alm e Lawyer, vou contar uma situação tensa, e depois engraçada.

Era outubro ou novembro de 2000, eu tinha acabado de chegar ao Japão, na cidade de Ise-shi, sul da província/estado de Mie-ken (o mesmo estado onde fica a pista de Suzuka). Fui o 1o brasileiro a dar aulas de Jiu Jitsu na parte sul de Mie Ken.

Eu era faixa roxa, graduado pelo Márcio Pé-de-Pano, e ao procurar revistas de artes marciais (Tatame e Gracie Magazine) em uma loja voltada ao público brasileiro no Japão, fui indagado pela dona do estabelecimento se eu lutava Jiu Jitsu (na época muito na moda no Japão, por conta do Pride), e se queria dar aulas aos filhos dela. Topei, e na 2a ou 3a aula, que era dada em ginásios públicos, onde se alugam espaços como quadras, tatames e etc por hora, apareceram japoneses que foram indicados por ela.

Estava aprendendo a língua ainda, e toda a comunicação era feita em inglês. Em pouco tempo passei de 2 alunos infantis a 2 infantis + 8 adultos.

Acontece que um desses japoneses, faixa preta de Judô, achava quase que inacreditável que alguém que não fosse faixa preta não só anulasse o seu Ne Waza, como também pudesse realmente lhe ensinar algo, e marcou de levar um amigo.

No dia combinado, esse amigo, um outro japonês de uns 110 ou 120 kg (não musculoso, mas daquele tipo parrudo, tipo saco de batata) também faixa preta de judô e dono de alguns títulos de Judô importantes na região, apareceu e eu percebi que era nada mais nada menos que um teste.

Começa o treino de JJ, passo posições e tal, e na hora do rola, o "pequeno convidado" me chama para treinar em pé. Sinceramente, eu sabia que ia ser trucidado, mas não podia envergonhar meus alunos e muito menos a arte marcial a quem eu representava.

Depois de ser jogado pra tudo que é lado, já cheio de dor nas costas, ombro e etc., finalmente o pequeno se sentiu confiante e topou ir para o chão.

Foi difícil pegar o cara, pois ele era muito forte e eu estava quebrado, mas depois de alguns ataques duplos, lembro que peguei no pescoço com um estrangulamento, que ele demorou pra bater e quase apagou. Ele ficou p...e aí veio pra cima praticamente sem técnica, e somente a partir desse momento, posso dizer que deixei de ser facilmente dominado e pude colocar em prática o que tinha aprendido até então com meus professores Adão Januário e Márcio Pé-de-Pano. Finalizei o japa de tudo que foi jeito, lembro até de uma omoplata que me deixou pendurado, mas que ele acabou batendo, pois não aguentou ficar muito tempo em pé.

Depois disso ele nunca mais apareceu, e o amiguinho dele tomou um amasso caprichado na aula seguinte, rs.

Segui dando aulas pra esse pessoal por mais 1 ano + ou -, até me mudar pra Hamamatsu e ficar somente como instrutor, e não professor, até parar em 2003. Fiquei totalmente parado no Jiu Jitsu por 8 anos, só voltando em 2011. Vamos ver quando sairá minha sonhada faixa preta (sou faixa marrom com 2 graus, atualmente).

Abraços galera.

Editado por Carioca SBC

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Longe do nível dos posts dos mestres Alm e Lawyer, vou contar uma situação tensa, e depois engraçada.

Era outubro ou novembro de 2000, eu tinha acabado de chegar ao Japão, na cidade de Ise-shi, sul da província/estado de Mie-ken (o mesmo estado onde fica a pista de Suzuka). Fui o 1o brasileiro a dar aulas de Jiu Jitsu na parte sul de Mie Ken.

Eu era faixa roxa, graduado pelo Márcio Pé-de-Pano, e ao procurar revistas de artes marciais (Tatame e Gracie Magazine) em uma loja voltada ao público brasileiro no Japão, fui indagado pela dona do estabelecimento se eu lutava Jiu Jitsu (na época muito na moda no Japão, por conta do Pride), e se queria dar aulas aos filhos dela. Topei, e na 2a ou 3a aula, que era dada em ginásios públicos, onde se alugam espaços como quadras, tatames e etc por hora, apareceram japoneses que foram indicados por ela.

Estava aprendendo a língua ainda, e toda a comunicação era feita em inglês. Em pouco tempo passei de 2 alunos infantis a 2 infantis + 8 adultos.

Acontece que um desses japoneses, faixa preta de Judô, achava quase que inacreditável que alguém que não fosse faixa preta não só anulasse o seu Ne Waza, como também pudesse realmente lhe ensinar algo, e marcou de levar um amigo.

No dia combinado, esse amigo, um outro japonês de uns 110 ou 120 kg (não musculoso, mas daquele tipo parrudo, tipo saco de batata) também faixa preta de judô e dono de alguns títulos de Judô importantes na região, apareceu e eu percebi que era nada mais nada menos que um teste.

Começa o treino de JJ, passo posições e tal, e na hora do rola, o "pequeno convidado" me chama para treinar em pé. Sinceramente, eu sabia que ia ser trucidado, mas não podia envergonhar meus alunos e muito menos a arte marcial a quem eu representava.

Depois de ser jogado pra tudo que é lado, já cheio de dor nas costas, ombro e etc., finalmente o pequeno se sentiu confiante e topou ir para o chão.

Foi difícil pegar o cara, pois ele era muito forte e eu estava quebrado, mas depois de alguns ataques duplos, lembro que peguei no pescoço com um estrangulamento, que ele demorou pra bater e quase apagou. Ele ficou p...e aí veio pra cima praticamente sem técnica, e somente a partir desse momento, posso dizer que deixei de ser facilmente dominado e pude colocar em prática o que tinha aprendido até então com meus professores Adão Januário e Márcio Pé-de-Pano. Finalizei o japa de tudo que foi jeito, lembro até de uma omoplata que me deixou pendurado, mas que ele acabou batendo, pois não aguentou ficar muito tempo em pé.

Depois disso ele nunca mais apareceu, e o amiguinho dele tomou um amasso caprichado na aula seguinte, rs.

Segui dando aulas pra esse pessoal por mais 1 ano + ou -, até me mudar pra Hamamatsu e ficar somente como instrutor, e não professor, até parar em 2003. Fiquei totalmente parado no Jiu Jitsu por 8 anos, só voltando em 2011. Vamos ver quando sairá minha sonhada faixa preta (sou faixa marrom com 2 graus, atualmente).

Abraços galera.

GRande brother! Tava sumidão! Mas como você mesmo disse foi por uma boa causa!

Obrigado pela historia!

Editado por Malacarne

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GRande brother! Tava sumidão! Mas como você mesmo disse foi por uma boa causa!

Obrigado pela historia!

Valeu bichão!

Tamo junto rumo a Black Belt!

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Excelente relato, Carioca! Parabéns pela bravura em enfrentar os desafios de um povo bem segregacionista como são os japas. E fazer bonito.

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Excelente relato, Carioca! Parabéns pela bravura em enfrentar os desafios de um povo bem segregacionista como são os japas. E fazer bonito.

Valeu Jaraqui!

Tenho orgulho em saber que se não ajudei, pelo menos auxiliei o crescimento do BJJ no Japão.

Aliás, os japoneses são realmente muito segregadores, mas depois que vc ganha a confiança deles, eles lhe dão a chave da casa.

Abs

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Admiro muito essa galera que difunde a Arte Suave!

Seja por idealismo, oportunidade, sonho, salvação... Qualquer propósito!

Acho muito bacana. E ainda uma experiência fantástica, imagino.

Mesmo quando nao dá certo

Um camarada aqui do Rio Grande do Norte está na Suíça...

São muitos exemplos, muita gente que se dá "bem", mas muito, muito mais neguinho que quebra a cara, mascando assim a experiência deve ser engrandecedora

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Valeu Jaraqui!

Tenho orgulho em saber que se não ajudei, pelo menos auxiliei o crescimento do BJJ no Japão.

Aliás, os japoneses são realmente muito segregadores, mas depois que vc ganha a confiança deles, eles lhe dão a chave da casa.

Abs

Parabéns!

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Mestres, pessoal, notícia que me deixou feliz e que vai deixar a todos felizes, porque é muito material pro portas fechadas.

Tatame estará em rio grande hoje fazendo uma entrevista com o mestre julio secco.

O mestrão é preta do helio, carlson morou na casa dele, ele ajudou financeiramente o carlson com o tatame, viu rickson, royler, royce e cia tudo menino, fora todos os vermelhas e corais.

Além disso o mestre foi o presidente da FJJRJ, na epoca da inauguração do conselho de mestres, quando criaram vermelha, coral, fizeram uma graduação enorme de pretas, eu vi esse video, o castello branco meninao pegando a faixa, era maneiraço isso, os caras pegavam a faixa em eventos cerimoniais em clubes de elite do rio, tudo maneiro, varios caras de tatame de diversas academias, e a federação dando a faixa, os dirigentes da federação na mesa, pô muito legal.

Foi quando surgiu a cbjj, regras, etc.

Além disso ele fez alguns vale tudo, foram 4 ou 5 se não me engano e esteve presente em quase todas as lutas dos gracies.

Espero que saibam explorar essa historia toda, é muita coisa que ele nos conta no tatame, muito porta fechada. O paquetá mesmo, foi aluno dele e do carlson (confirmei ao vivo), só pra voces verem o quanto o mestrão tem história. Tem muito material pra contar.

Fiquei muito feliz que a tatame resolveu procurá-lo, ganharemos muito com tudo isso.

Que beleza!

Agora é torcer para a matéria ficar bacana.

Nem sempre boas historias rendem boas reportagens...

E quando uma história tão interessante tem a oportunidade de ser Mais divulgada só nos resta torcer ...

E pedir para o grande South atestar veracidade e detalhar alguns pontos que possam levantar duvidas...

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Professor Julio Secco,vou publicar seu depoimento aqui,esse depoimento está na internet portanto é público,mas de qualquer forma se desejar reedito e o retiro,mas gostaria de colocar aqui para que estes novos praticantes de nossa arte conheçam um pouco de sua visão e conhecimento de fatos e personagens do nosso jiujitsu:

Carlson Gracie. Por Julio Secco

Calei-me pois a morte foi de um grande amigo. Depois de ver tanta gente ir à Internet e dizer tanta mentira, resolví, depois de ler as revistas Gracie e Tatame, falar algumas coisas sobre um amigo que se foi e que, se bobear, está jogando “jogo das palavras” com São Pedro.

Conhecí o Carlson quando era garoto, na luta contra o Cirandinha, quando o mesmo, gritou algo parecido com: “tirem esse homem de cima de mim!”. E era uma diferença de quase trinta quilos a mais para o Cirandinha.

Na primeira luta contra o Passarito, pouca gente sabe, o Carlson lutou duas horas no chão duro e com a clavícula quebrada. Na segunda, mandou o homem pro hospital. E depois foram várias, sendo que pouco tempo antes da luta, quando o médico vinha tirar a pressão sanguínea, sempre dava 12:8. Perfeita, pois o Carlson era um cara tranqüilo. Depois de ser roubado na luta contra o Euclídes, na Bahia, tanto que o mestre Hélio tirou lição da mesa, que quando o Rickson lutou com o Zulu no maracanãzinho, os jurados eram eu, Sérgio Sveltzer e João Alberto e Juiz de ringue, o Mansur.

Carlson não gostava de treinar, era uma dureza. O mestre Hélio sempre dizia: “esse cara tem 76 quilos, mas uma força nervosa fantástica.”. O primeiro casamento de Carlson foi com a Ione, uma linda mulher. Saíamos todos os fins de semana e íamos dançar no “Black Horse”. Carlson, eu e às vezes o zura do Drauzinho com a Sonja, irmã do Carlson. Mas o casamento com a Ione não deu certo, separaram-se e ele foi morar na minha casa, pois meu pai tinha um carinho grande por ele. Tínhamos 16 cavalos de corrida na Gávea e o meu pai dava dinheiro escondido pro Carlson jogar. Ele adorava jogo. Quantas vezes fomos no “Pedregulho”, em São Cristóvão, às vezes para olhar e às vezes para levar galos de briga.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Quando eu não viajava durante a semana, íamos à sauna do Copacabana Palace tomar duchas e massagens, o Carlson adorava. Joguei pólo a cavalo e era sócio do Itanhangá Golf Club, para onde eu sempre levava o Carlson comigo, pois ele adorava tomar massagens, e bater um papo com o Renato massagista. Um dia recebí uma carta do conselho do clube, do qual eu era vice-presidente, dizendo que um amigo meu andava correndo pelo campo de golf, até chegar ao campo dos fundos de pólo.

Depois de lá, nós íamos para o Country Club do Rio de Janeiro, em Ipanema. Lá, junto com outros amigos, inventamos um jogo de Futebol no campo de Tênis e demos o nome de footaotênis. A bola só podia quicar uma vez em cada campo. Eu e o Carlson fazíamos dupla e em um dia jogamos vinte partidas, sendo que a final foi com a dupla Rodolfo Antici e Baldomero Barbará Neto. Ganhamos.

Todos os meus amigos gostavam do Carlson. Ele era uma figura alegre e bem humorada. A história do dicionário é verdadeira, nunca ví o Carlson perder para ninguém. E olha que o adversário sempre jogava com o dicionário na mão.

Teve uma época em que nós tínhamos nossa turma de praia. Otavinho Carvalho, já falecido, Teodoro Carvalho, Brahminha e outros. Um dia ele apareceu no meu frigorífico para almoçarmos juntos, como de costume, e me avisou que iria lutar com o Ivan Gomes, um cara duríssimo, com 95 quilos e muito forte. Perguntei se ele estava treinando e ele me respondeu que estava mais ou menos. Neste mesmo dia, treinamos no carpete da sala de reuniões do frigorífico.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Nunca tive aula com o Carlson, mas sempre treinava com ele. Ele ia conosco pra Itaipava, e lá treinávamos muito no gramado de nossa casa. Quando chegou do Recife - PE, foi direto ao frigorífico. As mãos pareciam dois pilões, inchadas de tanto bater em pé no Ivan Usava óculos escuros, pois os olhos estavam inchados. Mais tarde, quando conheci o Ivan, ele me disse que quase foi a nocaute duas vezes. O Carlson me disse que o Ivan, dali a trinta dias, viria ao Rio e me propôs abrir uma academia. Nesta época, ele vivia com a Silvia, uma mulher bonita, funcionária pública que ganhava bem e tinha seu próprio apartamento.

Um dia aparece ele como o Ivan. O homem era mesmo uma tora. Forte feito um cavalo e sabia bastante sobre luta. Inclusive, além do judô, uma luta tipo greco-romana. Ele tinha as mãos e os pés muito rápidos. Resolvemos abrir uma academia na rua Toneleros, quase esquina com Figueiredo Magalhães. Ali o Ivan fixou residência.

Anônimo - 27/03/2006

continua

O Carlson, o Ivan e eu, sempre treinávamos escondido e aí ensinamos JJ ao Ivan, Como fiquei muito amigo dele, pedi ao mesmo que me prometesse nunca desafiar o Carlson, Não que eu tivesse medo, mas já era experiente com o caso Valdemar Santana contra o Mestre Hélio, na ACM, onde os dois lutaram 3 horas e 40 minutos. Tem um retrato na revista Fatos e Fotos eu tirando a dona Margarida do Ringue. Fomos burros, mas eu era o mais novo, pois nos primeiros 10 minutos o Valdmemar apanhou tanto que ele brigou com o juiz e saiu do ringue. Nós o jogamos de volta e todos sabem o desfecho.

Voltando ao Ivan e Carlson, chegaram a ter na academia, cerca de 500 alunos, pois a Silvia, mulher do Carlson, era quem tomava conta da contabilidade. Mas ela foi visitar os pais no espírito santo, quando capotou o carro e faleceu. A secretária da época começou a roubar a academia e ela acabou. O Ivan voltou para a Paraíba e o Carlson, com os tatames que sobraram, montou uma academia em cima da Casa Gebara na avenida Nossa Senhora de Cobacabana.

Eu tive problemas com um sócio chamado Tião Maia e muito ocupado, parei de treinar por quase 3 anos. Um dia o Ivan passou pelo Rio, pois ia atrás da trupe do Antônio Inoque no Paraná e me procurou depois me avisando que estava indo pro Japão. Um ano depois ele me telefonou que estava no Rio, onde ia lutar com o Ruska. O Ruska era um campeão mundial do peso e absoluto de Judô. Um gigante holandês, com 2 metros de altura e sem um pingo de gordura no corpo, o qual o Ivan botou pra dormir graças ao Jiu Jitsu com um conhecido golpe chamado Mata Leão. Um dia fui procurado pelo meu amigo Carlson, que já tinha casado com a Marly, uma mulher que por acaso é natural de Arroio Grande, cidade vizinha de onde eu tenho campo e moro: Jaguarão – RS, para resolver um problema, pois Carlson já estava na Figueiredo Magalhães, aonde dividia a academia com o Rolls, já falecido. O qual me disse o Carlson na época, mandou treinar judô com Osvaldo Alves, hoje nono grau de Jiu Jitsu, no clube de regatas do flamengo.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Ali o Carlson criou uma turma boa de luta, para alguns cheguei até a dar aula. Ali tinham alunos de bom e mau caráter.

Voltei treinar Jiu jitsu e fui reciclado pelo Rickson na academia que montei junto com o mestre Hélio na sede náutica do clube de regatas Vasco da Gama. O Carlson ficou um pouco enciumado, mas fizemos uma boa equipe de competição. Quando eles foram para o Humaitá, parei de treinar com o Rickson e com o Relson, pois o Rouker, o Royler e o Royce não eram faixa preta ainda. Juntei-me com o Renan Pitangui e fizemos uma equipe boa de competição na KS-Academy, na barra da tijuca, mas segui sempre encontrando com o Carlson e ele freqüentando a minha casa.

Resolvi vir morar em Jaguarão, fronteira com o Uruguai, em julho de 1998. Avisei ao Carlson, pois na véspera da minha viagem almoçamos juntos. Nesta época ajudei o senhor Paquetá com um processo promovido pelo Royler, o qual foi muito ajudado pelo meu depoimento. Como ele trabalhou quase 6 anos comigo, me senti na obrigação, mas hoje me arrependo. Prefiro me calar.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Hoje, aqui no sul, tenho cerca de 100 alunos a um preço módico de 50 reais por aluno, sendo que quando levei meu primeiro aluno, Guido Cajaty, para competir no mundial de 2000 e ele foi terceiro colocado e o Carlson foi o primeiro a abraçá-lo dentro do tatame. Passei uma semana no Rio e o Carlson ia tomar café da manhã todos os dias comigo. No ano seguinte, no campeonato mundial, o Carlson foi tomar café comigo e levou o Teodoro Carvalho para me ver. Fomos almoçar e descobri que o Carlson estava morando sozinho na rua Sá Ferreira. Chamei o senhor Paquetá e compramos juntos um celular pós-pago para o Carlson, pois achávamos que ele não podia ficar sem comunicação e que deveria também procurar um plano de saúde e que o mesmo não aceitava a velhice.

Em 2002 levei uma parte da minha equipe que ia lutar o mundial para treinar na academia dele. Ali encontrei a Geysa, que foi minha namorada, mais velha que eu e terceira irmã de Carlson. O Carlinhos tinha dado uma grana para ele ajudar na disciplina nos tatames do Mundial.

Mas Carlson sempre foi muito descansado com ele mesmo. Depois do campeonato, falei umas 4 vezes por telefone como ele. Uma vez ele me telefonou de Chicago e não quis me contar que já estava doente, pois ele sabia que eu iria botar a minha filha, que gosta muito dele e que é uma grande Oncologista no Rio de Janeiro, pra cuidar dele.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Foi embora o meu amigo. Apesar de mais velho do que eu, poderia ter vivido muito mais, pois tinha uma saúde de ferro. Nunca o vi doente, a não ser um caso de gota, pois ele gostava muito de churrasco.

A comunidade do Jiu Jitsu perdeu um grande ser humano. Como me disse o Zé Mário Sperry, se ele tivesse aceito os 20% que o brazilian top team ofereceu, ele não precisaria de mais nada, pois estaria rico.

Carlson serve de exemplo para os lutadores atuais, em 75 anos de vida, nunca brigou fora dos ringues. Uma só vez na porta do cinema Metro Copacabana, um cara encheu o saco dele, então Carlson deu uma queda nele e foi embora.

Quando eu soube da morte do Carlson, 6 horas depois, eu estava trabalhando no campo, a cavalo, e fiquei profundamente chocado. Só Deus sabe como eu me senti. Mas eu tenho a certeza que ele está bem esteja onde estiver, junto com Deus. Sempre que rezo, peço que ele nos proteja e ao Jiu Jitsu também.

Amigo Carlson, até um dia. Deus te abençoe.

Júlio Frederico Secco.

Mestre 8º Grau, faixa vermelha e preta

Com todo o rspeito de um velho praticante de jiujitsu

Alvaro Miragaya

Professor sexto grau faixa preta de jiujitsu

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Pqp! Que relato do Julio Secco!

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Professor Julio Secco,vou publicar seu depoimento aqui,esse depoimento está na internet portanto é público,mas de qualquer forma se desejar reedito e o retiro,mas gostaria de colocar aqui para que estes novos praticantes de nossa arte conheçam um pouco de sua visão e conhecimento de fatos e personagens do nosso jiujitsu:

Carlson Gracie. Por Julio Secco

Calei-me pois a morte foi de um grande amigo. Depois de ver tanta gente ir à Internet e dizer tanta mentira, resolví, depois de ler as revistas Gracie e Tatame, falar algumas coisas sobre um amigo que se foi e que, se bobear, está jogando “jogo das palavras” com São Pedro.

Conhecí o Carlson quando era garoto, na luta contra o Cirandinha, quando o mesmo, gritou algo parecido com: “tirem esse homem de cima de mim!”. E era uma diferença de quase trinta quilos a mais para o Cirandinha.

Na primeira luta contra o Passarito, pouca gente sabe, o Carlson lutou duas horas no chão duro e com a clavícula quebrada. Na segunda, mandou o homem pro hospital. E depois foram várias, sendo que pouco tempo antes da luta, quando o médico vinha tirar a pressão sanguínea, sempre dava 12:8. Perfeita, pois o Carlson era um cara tranqüilo. Depois de ser roubado na luta contra o Euclídes, na Bahia, tanto que o mestre Hélio tirou lição da mesa, que quando o Rickson lutou com o Zulu no maracanãzinho, os jurados eram eu, Sérgio Sveltzer e João Alberto e Juiz de ringue, o Mansur.

Carlson não gostava de treinar, era uma dureza. O mestre Hélio sempre dizia: “esse cara tem 76 quilos, mas uma força nervosa fantástica.”. O primeiro casamento de Carlson foi com a Ione, uma linda mulher. Saíamos todos os fins de semana e íamos dançar no “Black Horse”. Carlson, eu e às vezes o zura do Drauzinho com a Sonja, irmã do Carlson. Mas o casamento com a Ione não deu certo, separaram-se e ele foi morar na minha casa, pois meu pai tinha um carinho grande por ele. Tínhamos 16 cavalos de corrida na Gávea e o meu pai dava dinheiro escondido pro Carlson jogar. Ele adorava jogo. Quantas vezes fomos no “Pedregulho”, em São Cristóvão, às vezes para olhar e às vezes para levar galos de briga.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Quando eu não viajava durante a semana, íamos à sauna do Copacabana Palace tomar duchas e massagens, o Carlson adorava. Joguei pólo a cavalo e era sócio do Itanhangá Golf Club, para onde eu sempre levava o Carlson comigo, pois ele adorava tomar massagens, e bater um papo com o Renato massagista. Um dia recebí uma carta do conselho do clube, do qual eu era vice-presidente, dizendo que um amigo meu andava correndo pelo campo de golf, até chegar ao campo dos fundos de pólo.

Depois de lá, nós íamos para o Country Club do Rio de Janeiro, em Ipanema. Lá, junto com outros amigos, inventamos um jogo de Futebol no campo de Tênis e demos o nome de footaotênis. A bola só podia quicar uma vez em cada campo. Eu e o Carlson fazíamos dupla e em um dia jogamos vinte partidas, sendo que a final foi com a dupla Rodolfo Antici e Baldomero Barbará Neto. Ganhamos.

Todos os meus amigos gostavam do Carlson. Ele era uma figura alegre e bem humorada. A história do dicionário é verdadeira, nunca ví o Carlson perder para ninguém. E olha que o adversário sempre jogava com o dicionário na mão.

Teve uma época em que nós tínhamos nossa turma de praia. Otavinho Carvalho, já falecido, Teodoro Carvalho, Brahminha e outros. Um dia ele apareceu no meu frigorífico para almoçarmos juntos, como de costume, e me avisou que iria lutar com o Ivan Gomes, um cara duríssimo, com 95 quilos e muito forte. Perguntei se ele estava treinando e ele me respondeu que estava mais ou menos. Neste mesmo dia, treinamos no carpete da sala de reuniões do frigorífico.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Nunca tive aula com o Carlson, mas sempre treinava com ele. Ele ia conosco pra Itaipava, e lá treinávamos muito no gramado de nossa casa. Quando chegou do Recife - PE, foi direto ao frigorífico. As mãos pareciam dois pilões, inchadas de tanto bater em pé no Ivan Usava óculos escuros, pois os olhos estavam inchados. Mais tarde, quando conheci o Ivan, ele me disse que quase foi a nocaute duas vezes. O Carlson me disse que o Ivan, dali a trinta dias, viria ao Rio e me propôs abrir uma academia. Nesta época, ele vivia com a Silvia, uma mulher bonita, funcionária pública que ganhava bem e tinha seu próprio apartamento.

Um dia aparece ele como o Ivan. O homem era mesmo uma tora. Forte feito um cavalo e sabia bastante sobre luta. Inclusive, além do judô, uma luta tipo greco-romana. Ele tinha as mãos e os pés muito rápidos. Resolvemos abrir uma academia na rua Toneleros, quase esquina com Figueiredo Magalhães. Ali o Ivan fixou residência.

Anônimo - 27/03/2006

continua

O Carlson, o Ivan e eu, sempre treinávamos escondido e aí ensinamos JJ ao Ivan, Como fiquei muito amigo dele, pedi ao mesmo que me prometesse nunca desafiar o Carlson, Não que eu tivesse medo, mas já era experiente com o caso Valdemar Santana contra o Mestre Hélio, na ACM, onde os dois lutaram 3 horas e 40 minutos. Tem um retrato na revista Fatos e Fotos eu tirando a dona Margarida do Ringue. Fomos burros, mas eu era o mais novo, pois nos primeiros 10 minutos o Valdmemar apanhou tanto que ele brigou com o juiz e saiu do ringue. Nós o jogamos de volta e todos sabem o desfecho.

Voltando ao Ivan e Carlson, chegaram a ter na academia, cerca de 500 alunos, pois a Silvia, mulher do Carlson, era quem tomava conta da contabilidade. Mas ela foi visitar os pais no espírito santo, quando capotou o carro e faleceu. A secretária da época começou a roubar a academia e ela acabou. O Ivan voltou para a Paraíba e o Carlson, com os tatames que sobraram, montou uma academia em cima da Casa Gebara na avenida Nossa Senhora de Cobacabana.

Eu tive problemas com um sócio chamado Tião Maia e muito ocupado, parei de treinar por quase 3 anos. Um dia o Ivan passou pelo Rio, pois ia atrás da trupe do Antônio Inoque no Paraná e me procurou depois me avisando que estava indo pro Japão. Um ano depois ele me telefonou que estava no Rio, onde ia lutar com o Ruska. O Ruska era um campeão mundial do peso e absoluto de Judô. Um gigante holandês, com 2 metros de altura e sem um pingo de gordura no corpo, o qual o Ivan botou pra dormir graças ao Jiu Jitsu com um conhecido golpe chamado Mata Leão. Um dia fui procurado pelo meu amigo Carlson, que já tinha casado com a Marly, uma mulher que por acaso é natural de Arroio Grande, cidade vizinha de onde eu tenho campo e moro: Jaguarão – RS, para resolver um problema, pois Carlson já estava na Figueiredo Magalhães, aonde dividia a academia com o Rolls, já falecido. O qual me disse o Carlson na época, mandou treinar judô com Osvaldo Alves, hoje nono grau de Jiu Jitsu, no clube de regatas do flamengo.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Ali o Carlson criou uma turma boa de luta, para alguns cheguei até a dar aula. Ali tinham alunos de bom e mau caráter.

Voltei treinar Jiu jitsu e fui reciclado pelo Rickson na academia que montei junto com o mestre Hélio na sede náutica do clube de regatas Vasco da Gama. O Carlson ficou um pouco enciumado, mas fizemos uma boa equipe de competição. Quando eles foram para o Humaitá, parei de treinar com o Rickson e com o Relson, pois o Rouker, o Royler e o Royce não eram faixa preta ainda. Juntei-me com o Renan Pitangui e fizemos uma equipe boa de competição na KS-Academy, na barra da tijuca, mas segui sempre encontrando com o Carlson e ele freqüentando a minha casa.

Resolvi vir morar em Jaguarão, fronteira com o Uruguai, em julho de 1998. Avisei ao Carlson, pois na véspera da minha viagem almoçamos juntos. Nesta época ajudei o senhor Paquetá com um processo promovido pelo Royler, o qual foi muito ajudado pelo meu depoimento. Como ele trabalhou quase 6 anos comigo, me senti na obrigação, mas hoje me arrependo. Prefiro me calar.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Hoje, aqui no sul, tenho cerca de 100 alunos a um preço módico de 50 reais por aluno, sendo que quando levei meu primeiro aluno, Guido Cajaty, para competir no mundial de 2000 e ele foi terceiro colocado e o Carlson foi o primeiro a abraçá-lo dentro do tatame. Passei uma semana no Rio e o Carlson ia tomar café da manhã todos os dias comigo. No ano seguinte, no campeonato mundial, o Carlson foi tomar café comigo e levou o Teodoro Carvalho para me ver. Fomos almoçar e descobri que o Carlson estava morando sozinho na rua Sá Ferreira. Chamei o senhor Paquetá e compramos juntos um celular pós-pago para o Carlson, pois achávamos que ele não podia ficar sem comunicação e que deveria também procurar um plano de saúde e que o mesmo não aceitava a velhice.

Em 2002 levei uma parte da minha equipe que ia lutar o mundial para treinar na academia dele. Ali encontrei a Geysa, que foi minha namorada, mais velha que eu e terceira irmã de Carlson. O Carlinhos tinha dado uma grana para ele ajudar na disciplina nos tatames do Mundial.

Mas Carlson sempre foi muito descansado com ele mesmo. Depois do campeonato, falei umas 4 vezes por telefone como ele. Uma vez ele me telefonou de Chicago e não quis me contar que já estava doente, pois ele sabia que eu iria botar a minha filha, que gosta muito dele e que é uma grande Oncologista no Rio de Janeiro, pra cuidar dele.

Anônimo - 27/03/2006

continua

Foi embora o meu amigo. Apesar de mais velho do que eu, poderia ter vivido muito mais, pois tinha uma saúde de ferro. Nunca o vi doente, a não ser um caso de gota, pois ele gostava muito de churrasco.

A comunidade do Jiu Jitsu perdeu um grande ser humano. Como me disse o Zé Mário Sperry, se ele tivesse aceito os 20% que o brazilian top team ofereceu, ele não precisaria de mais nada, pois estaria rico.

Carlson serve de exemplo para os lutadores atuais, em 75 anos de vida, nunca brigou fora dos ringues. Uma só vez na porta do cinema Metro Copacabana, um cara encheu o saco dele, então Carlson deu uma queda nele e foi embora.

Quando eu soube da morte do Carlson, 6 horas depois, eu estava trabalhando no campo, a cavalo, e fiquei profundamente chocado. Só Deus sabe como eu me senti. Mas eu tenho a certeza que ele está bem esteja onde estiver, junto com Deus. Sempre que rezo, peço que ele nos proteja e ao Jiu Jitsu também.

Amigo Carlson, até um dia. Deus te abençoe.

Júlio Frederico Secco.

Mestre 8º Grau, faixa vermelha e preta

Com todo o rspeito de um velho praticante de jiujitsu

Alvaro Miragaya

Professor sexto grau faixa preta de jiujitsu

PQP relato do Caralhoooo!!!!

Sou muito grato por ter treinado em sua academia da figueiredo e ter recebido a azul de sua mão.

Anes do Racha foi a maior equipe que já existiu

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Por essas e outras que este tópico está favoritado na minha máquina!!!

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