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O que interessa a Dana White

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Guga Noblat

De Brasília (DF)

Sempre que Dana White surge na TV ou quando ele aparece em alguma foto tenho a impressão de estar cara a cara com o personagem de desenhos animados Cérebro, da dupla Pink e o Cérebro. Sua careca lustrada como uma bola de bilhar e seu desejo incontrolável de dominar o mundo do MMA (misturas de arte marciais, também chamado de vale-tudo) lembram Cérebro, um ratinho preso num minúsculo laboratório que tem a pretensão de comandar o planeta Terra.

Dana, presidente do Ultimate Fighting Championship (UFC), o mais rico evento de MMA do mundo hoje, tem construído a reputação de ser um promotor de lutas que comanda sua empresa e seus lutadores à mão de ferro. E que sabota o surgimento de novas organizações de MMA para monopolizar o mercado.

Aproveitando-se da falta de um concorrente à altura do UFC e do vácuo deixado pelo falecimento do Pride Fighting Champioship (PFC) no ano passado, Dana se mostra cada vez mais autoritário. Ele tem forçado seus atletas a assinarem contratos nos termos do UFC que favorecem muito mais ao evento do que a eles.

A última de Dana foi obrigar os lutadores do UFC a assinarem um termo de compromisso no qual cediam sua imagem para o evento usar em um jogo de videogame sem lucrarem um centavo por isso. Apenas prestígio e promoção pessoal. E mais: era um contrato vitalício, eles jamais poderiam estar em nenhum outro joguinho de videogame. E se não gostou, pede pra sair!

A conversa travada entre um funcionário de Dana com o empresário de um dos melhores lutadores do UFC na atualidade, John Fitch, foi extamente do jeito descrito acima, segundo relatou à imprensa o próprio Fitch.

O problema é que apesar do prestígio de Fitch, um americano que em seu último combate disputou o cinturão do evento na categoria até 73kg perdendo depois de 25 minutos de luta, seu contrato com o UFC prevê demissão sumária se ele sofrer uma única derrota e Dana desejar rescindir seu contrato.

Ou seja, mesmo depois de vencer oito lutas consecutivas no UFC, igualando o recorde de vitórias seguidas do lendário Royce Gracie, ainda assim Ficth poderia levar um pé na bunda a qualquer momento que perdesse uma luta.

Fitch disse que não assinaria o contrato vitalício e tentou negociar até 10 anos de imagem cedida de graça para o UFC, mas ouviu um "então vá a merda", de Dana White. O promotor de lutas chegou a anunciar a saída de Fitch e de mais uns poucos atletas de prestígio que também não aceitaram os termos do UFC. Mas todos voltaram atrás e assinaram o contrato quando perceberam que perderiam até 80% dos seus patrocinadores se estivessem fora do evento comandado por Dana.

O MMA não tem tradição em pagar bem os seus atletas, o que tem mudado lentamente com o crescimento do esporte. Mas o UFC vale hoje mais de US$ 1 bilhão e gera por evento só em vendas pay-per-view mais de US$ 20 milhões. Com o público presente na arena no dia das lutas o evento promovido por Dana fatura mais de US$ 4 milhões. Fitch recebeu em suas lutas algo em torno de US$ 20 mil. E apesar de estar entre os melhores atletas ainda se vê obrigado a vender sua imagem para o jogo de videogame do UFC sem ganhar nada e sem chance de negociar com mais ninguém.

É muita ganância de quem tá podendo e, entre todos os eventos, o UFC está reinado quase soberano, mas é bom lembrar que nem sempre foi assim. Até 2007, o UFC fazia sombra ao Pride, evento promovido no Japão. E tinha um plantel de lutadores que rivalizava com o do torneio japonês. Mas o Pride tinha mais prestígio entre os empresários, atletas e a maioria dos fãs. Era nítido o incomodo que o Pride provocava no UFC e em seus admiradores.

Dana vivia caindo nas provocações dos promotores do evento japonês. E chegou a mandar seu principal atleta à época, Chuck Liddel, para um torneio entre 16 lutadores organizado pelo Pride em 2005. Ele queria mostrar que os melhores atletas estavam no UFC e nada melhor do que Chuck tomar o cinturão do evento rival para provar isso. Até dinheiro Dana apostou em Chuck, mas ele quebrou a cara quando viu Quinton Rampage Jackson, na semi-final do torneio, nocautear seu lutador.

O curioso é que com a falência do Pride, o que aconteceu em 2007 depois que o evento foi associado à máfia japonesa e perdeu seu contrato com uma das principais emissoras de TV do Japão, a primeira atitude de Dana foi comprar o evento japonês e transferir de lá para o UFC seus principais atletas. Um deles, o próprio Rampage que anos antes havia derrotado Chuck, acabou se tornando campeão do UFC, mas assim que viu o cinturão do Pride na mão de seu colega Dan Handerson disse, ainda no octógono (espécie de ringue), que era aquilo que ele havia desejado por toda sua carreira.

Dana, que comprou o Pride com o compromisso de continuar tocando o torneio, o que nunca aconteceu, segue o típico pensamento padrão daquele sujeito capitalista que deseja tomar conta do mercado para depois ditar suas regras.

Alguns acham Dana um herói porque ele tem lutado com unhas e dentes para expandir o UFC, e a reboque o MMA, para todo o planeta. Dana vive dizendo que a mistura de arte marcial será maior do que o futebol e a Copa do Mundo em no máximo oito anos. Mas se Dana tivesse mesmo interessado em promover o MMA como um esporte legítimo, sancionado por comissões atléticas e com regras universais sua relação com os outros eventos não seria a de guerra declarada e explícita, como é com o Affliction, por exemplo. Ou como foi com o Elite XC, que faliu há poucos meses.

Se Dana fosse esse apaixonado pelo MMA que ele pinta ser, não teria rejeitado fazer parte do WAMMA, primeira organização de MMA do mundo que busca unir os eventos de mistura de artes marciais para criar regras universais e eventos totalmente sancionados por comissões atléticas. As comissões auxiliam os lutadores e punem casos de doping, entre outras funções.

A verdade é que Dana pode ser um amante convicto do MMA, mas é ainda mais amante do prestígio e da grana que a mistura de arte marcial lhe rende. Ele tem 10% dos direitos sobre a ZUFFA, organização criada para cuidar do UFC por dois irmãos donos de cassinos nos EUA e amigos de infância de Dana

Antes do UFC, Dana White era um promotor de lutas de boxe frustrado por não ter seguido a carreira de boxeador e que abandonou a faculdade antes de terminá-la. Nunca foi famoso e jamais pensou em figurar na lista das 100 pessoas mais influentes entre todos os esportes, como aconteceu este ano.

Dana tomou conta do UFC quando o evento estava à beira da falência e valia míseros US$ 2 milhões. Naquela época ele era empresário de Chuk Liddel e Tito Ortiz, dois atletas que lutavam no torneio americano. E deu sorte de ser amigo dos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, que toparam comprar o UFC.

Lorenzo já havia sido membro da Comissão Atlética de Nevada e com uns ajuste nas regras do UFC conseguiu que a comissão sancionasse seu evento. A partir daí o UFC começou a perder a imagem de rinha de briga de galo e passou a ganhar status de esporte legítimo nos Estados Unidos.

Antes de tudo, mais do que o MMA, Dana preza o UFC e o poder que tem como presidente do evento. Mas é bom ficar de olhos abertos. Muita gente está interessada em se meter no MMA. O Affliction está ainda engatinhando mas em seu primeiro evento nos EUA conseguiu reunir um cartel de lutadores de amedrontar Dana e os Frettita. Se não mudar a postura, Dana vai correr o risco de ver muita gente boa migrar do seu UFC para outros eventos. E não será apenas blefe, como fez Fitch.

Joachim Hanasen, um dos melhores lutadores peso leves do mundo e atual campeão do Sengoku, já disse que prefere "sangrar de hemorróidas" a lutar no UFC. Emilianenko Fedor, melhor peso-pesado do mundo, também anda irritado com Dana e não pensa em sair do Affliction. Vamos ver até quando Dana terá espaço para meter a faca no pescoço de seus atletas e fazê-los assinar contratos injustos. Pelo crescimento do esporte, parece que não será por muito tempo. A conferir!

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correcao Hansen campeao do DREAM!!! texto bacana,o monopolio nao faz bem a ninguem, agora nao podemos negar que o Dana e um puta lider, esta conduzindo o UFC com sucesso total, coisa q os japas do Pride nao conseguiram, eu como amante de MMA torco pra o crescimento de outros eventos, mas q o UFC continue essa potencia que e!!!

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