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Treinos a porta fechada

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1 hora atrás, NEGO DÁGUA disse:

Vc é um cara reservado mas sua história de confundi com o kickboxing brasileiro, esses caras Alex Poatan, Saulo Cavalari até o lendário Cosmo Alexandre devem a vc e seu mestre que poucos sabem que foi um dos maiores e melhores kickboxer da história.

Vcs cortaram o mato pra essa geração hoje conquistar o mundo.

Igual o Ruas fez pro Dedé hj o Aldo tem total dedo e evolução do Ruas vale tudo.

Bondade sua Nego! Se tivesse metade da sua força de vontade já estava muito feliz!

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2 minutos atrás, masterblaster disse:

Bondade sua Nego! Se tivesse metade da sua força de vontade já estava muito feliz!

Ela tá meio fraca ultimamente, mas tem que voltar está.

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48 minutos atrás, NEGO DÁGUA disse:

Ela tá meio fraca ultimamente, mas tem que voltar está.

Efeito carnaval! Kkkk

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5 horas atrás, masterblaster disse:

Bom dia @LAWYER, @armlock, @NEGO DÁGUA, @MV8 , @Axiotis, @Gurkha, tudo bem? Finalmente vou conseguir cumprir minha palavra e trazer a vocês o nome do sensei de karatê kyokushin de Teresopolis nos anos 80. Isso graças à colaboração de uma amiga muito querida, a advogada e praticante de Muay Thai Dra. Sheila Paim Pimentel, que me fez a gentileza de conseguir o telefone do meu amigo e contemporâneo sensei Moacir Lopes, aluno direto daquele mestre.

Telefonei para ele e regredimos no tempo.

Ano de 1983. Eu adolescente com 15 anos, cursando o ginásio e com as tardes desocupadas. Telefone discado, idas e vindas ao famoso Colegio São Paulo (existe com excelência até hoje) a pé ou de ônibus, maldade zero na cabeça, Rede Manchete exibindo Pirata do Espaço e Acredite se Quiser. Já fazia jiu jitsu com os professores Geni e Elias, que tinham a Academia Serrana na Rua Duque de Caxias. Capoeira com mestre Elias da Abadá na Academia Pierre de Coubertin (depois virou Performance, depois Corpaco,  cedeu lugar a uma Igreja Universal do Reino de Deus e finalmente hoje funciona uma unidade da Unopar). Um pouco de boxe também.

Entao, um belo dia, este desocupado que vos fala estava  caminhando em frente ao Estádio Municipal Pedro Jahara, vulgo Pedrão, quando viu do outro lado da rua uma porta entreaberta com os dizeres “Karatê Kyokushin Oyama”, salvo falha da memória.  Curioso, atravessei e espichei o pescoço para dentro da porta. Vi um japonês de estatura média, pouco mais que magro, extremamente educado, que ficou me olhando sem falar nada. Cumprimentei-o e disse que só queria ver o lugar, e ele, com aquele sorriso polido, reservado e quase tímido dos orientais, acenou indicando o dojo, mas fiquei olhando da porta. E aí vai. Esse sensei era o grande mestre MATSURO MEGUMI, enviado ao Brasil pelo próprio Masutatsu Oyama para divulgar o estilo, estilo esse que permanece praticamente inalterado até hoje, diferente de outros que quase viraram dança.

Fiquei encantado, assistindo embevecido os treinos de calejamento, alongamento, resistência e disciplina que estavam sendo dados a um garoto praticamente da minha idade, que suportava aquele regime duríssimo com valentia e, porque não, prazer. Esse garoto nada mais é do que meu amigo sensei Moacir Lopes, que estava começando no karatê naquele ano, tendo sua história confundido-se com a da modalidade no estado do Rio de Janeiro. Faixa preta desde 1996, durante mais de 7 anos foi o único faixa preta ativo do Estado, há mais de 30 anos dedicando sua vida ao esporte e realizando sete edições do “Torneio da Amizade de Karatê Kyokushin Oyama”, em Teresopolis, com participação do Shihan Seiji Isobe, responsável por trazer o Kyokushin ao Brasil, e Shihan Francisco Filho, que dispensa comentários. Mais que alunos e campeões, formou homens e mulheres de caráter, sendo o melhor professor de crianças que já conheci.

E aí, depois de findo o treino, sensei Megumi, que quase não falava português (ou eu que não entendia),  olha para o Moacir, aponta uma vassoura e diz ” Impa... chão!”. E o paciente e disciplinado aluno vai lá varrer o dojo, hábito esse que, segundo ele, é repassado até hoje.

Sai daquela academia entusiasmado, cogitando seriamente fazer a matricula. Só que posteriormente, passei em frente à um prédio na Av. Lúcio Meira, que havia sido uma Igreja, depois uma boate, e finalmente no segundo andar funcionava a Justiça do Trabalho. No primeiro estava escrito em letras garrafais nas janelas de vidro: KICKBOXING - Full Contact - Light Contact - Semi Contact - Forma . Prof. Fernando Pelaez. Entrei naquela sala e minha vida mudou muito a partir daí.

Entao foi isso, gente. Espero que tenham gostado desse túnel do tempo. Fico devendo o nome completo do Professor Bandeira, aluno de taekwondo do Mestre Kim que formou muito caráter em Teresopolis e morreu de forma covarde, assassinado enquanto trabalhava em seu táxi. Mas essas são outras histórias.

Grande abraço em todos!

Que maneiro! Meu pai mora em Guapimirim, no pé da serra de terê! Meu irmão sempre fala em subir a serra pra conhecer a arte de perto, mas por problemas dele não o faz.

Gosto demais do estilo kyokushin! Acho alucinante a arte! Queria muito poder fazer!

A primeira imagem que tenho de luta foi com Van Dame no cinema. Com seus filmes de kickboxing... tem aquele retroceder nunca, render-se jamais. Junto com a jiu-jítsu, judô e defesa pessoal da escola que comecei a treinar com uns 8/9 anos... e nessa época tinha um moleque que me levava pra escola e ele falou que tinha full contact perto de casa. Fiquei doido e pentelhei minha mãe pra me levar. Lembro de minha mãe perguntar na balcão e a recepcionista pra quem? ele - apontando pra mim... e eu levantando os pés pra recepcionista me ver e ela riu... fui assistir a aula e o professor se amarrou deu querer procurar, mas ele só tinha caras velhos... adolescente pra cima... e indicou outra academia onde tinha moleques da minha idade. Tô esperando até hoje minha mãe me levar... kkkkk

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1 hora atrás, Axiotis disse:

Que maneiro! Meu pai mora em Guapimirim, no pé da serra de terê! Meu irmão sempre fala em subir a serra pra conhecer a arte de perto, mas por problemas dele não o faz.

Gosto demais do estilo kyokushin! Acho alucinante a arte! Queria muito poder fazer!

A primeira imagem que tenho de luta foi com Van Dame no cinema. Com seus filmes de kickboxing... tem aquele retroceder nunca, render-se jamais. Junto com a jiu-jítsu, judô e defesa pessoal da escola que comecei a treinar com uns 8/9 anos... e nessa época tinha um moleque que me levava pra escola e ele falou que tinha full contact perto de casa. Fiquei doido e pentelhei minha mãe pra me levar. Lembro de minha mãe perguntar na balcão e a recepcionista pra quem? ele - apontando pra mim... e eu levantando os pés pra recepcionista me ver e ela riu... fui assistir a aula e o professor se amarrou deu querer procurar, mas ele só tinha caras velhos... adolescente pra cima... e indicou outra academia onde tinha moleques da minha idade. Tô esperando até hoje minha mãe me levar... kkkkk

Show Axiotis, sensacional! Na verdade Guapimirim é a terra do Dedo de Deus, e não Teresopolis, sabia? E um dos maiores criadouros do estado de peixes ornamentais.

Muito boa essa de ficar na ponta dos pés para a recepcionista ver! Kkkkk! E mesmo que sua mãe não tenha te levado, hoje você é um galalau expert em Muay Thai. Muito bom!

Em qual cidade você mora?

Forte abraço!

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19 minutos atrás, masterblaster disse:

Show Axiotis, sensacional! Na verdade Guapimirim é a terra do Dedo de Deus, e não Teresopolis, sabia? E um dos maiores criadouros do estado de peixes ornamentais.

Muito boa essa de ficar na ponta dos pés para a recepcionista ver! Kkkkk! E mesmo que sua mãe não tenha te levado, hoje você é um galalau expert em Muay Thai. Muito bom!

Em qual cidade você mora?

Forte abraço!

É... muita gente acha que dedo de Deus é de terê, mas é de guapimirim...

Sou de niterói, equipe do Heggas Zulu (alunos Emerson Falcão e Sheymon os mais conhecidos)... mas tô lutando pra tentar resolver meu joelho, 3 anos de molho já e tá foda... kkkkkk

galalau expert do sofá! kkkk apenas um amador amante de lutas e frustrado.. kkkkk 

Editado por Axiotis

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Expert do sofá e amante de lutas frustrado, mas parceiro de treino do Sheymon? Nem pensar cara! 

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15 horas atrás, Axiotis disse:

É... muita gente acha que dedo de Deus é de terê, mas é de guapimirim...

Sou de niterói, equipe do Heggas Zulu (alunos Emerson Falcão e Sheymon os mais conhecidos)... mas tô lutando pra tentar resolver meu joelho, 3 anos de molho já e tá foda... kkkkkk

galalau expert do sofá! kkkk apenas um amador amante de lutas e frustrado.. kkkkk 

Pô, agora que me toquei. Se teu irmão quiser, ponho ele em contato com o Sensei Moacir.

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4 horas atrás, masterblaster disse:

Pô, agora que me toquei. Se teu irmão quiser, ponho ele em contato com o Sensei Moacir.

valeu, mas infelizmente ele não tá muito bem da cabeça...

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7 minutos atrás, Axiotis disse:

valeu, mas infelizmente ele não tá muito bem da cabeça...

Po cara, que chato! O que precisar tamos às ordens.

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Olá @NEGO DÁGUA, @Axiotis, @Gurkha, @armlock, bom dia! Estou trazendo mais um relato das artes marciais em Teresopolis nos anos 80/90. Creio que esta vai agradar mais ao @MV8  e @LAWYER, em função da modalidade. Então, peço que me acompanhem numa regressão temporal até o ano de 1990.

Comeco falando do meu irmão. Somos 3 com dois anos de diferença cada um, sendo que este é o imediatamente mais novo que eu. Um galalau de mais de 1,80m, que na época puxava ferro pesadíssimo e pesava para lá de 100kg, dono de uma força descomunal. Apesar de nunca ter se interessado muito em artes marciais (fez um pouco de jiu-jítsu e no máximo duas aulas de boxe comigo), tem uma aptidão absurda para o combate, aprendia um movimento uma única vez e depois executava como se fizesse aquilo há anos. Um exemplo disso foi que uma noite em casa, ficamos treinando esquivas e cruzados, só isso. No dia seguinte, a noite, veio me contar que durante o dia foi atacado por um professor de natação muito babaca que havia lá, um Golias que adorava brigar na rua. Meu irmão disse, todo feliz, que tinha usado exatamente as esquivas que aprendera na noite anterior e demoliu o encrenqueiro em plena Rua Duque de Caxias, as duas da tarde, centro de Teresopolis. Hoje esse irmão é proprietário de uma das mais conceituadas academias de fitness em Juiz de Fora/MG, homem sério e muito íntegro. Se cuida moleque, sei que vai ler isso aqui, seu irmão mais velho te ama!

Entao, esse meu irmão fez amizade com um gigante ainda maior, por conta de malharem juntos na mesma academia. Vez por outra ficavam de frente um para o outro, vendo quem suportava as porradas mais fortes do outro no abdômen, um de cada vez. Me apresentou a esse seu amigo, gente finíssima que se tornou amigo meu também. Nome, João Ferreira, introdutor do karatê shotokan em Teresopolis, só isso!

Joao tem um coração gigante, bem maior do que ele próprio. Lembro que uma vez estava passando na Av. Lúcio Meira, em frente ao Colégio Estadual Edmundo Bittencourt, quando ouço gritarem: “ aí branquelo azedo, vou te matar de porrada, toco de vela!”. Olho e do outro lado da rua está o titã me encarando feio, de dar medo. Fecho a cara na hora e grito, “To indo aí, negão filho da p•••, vou te matar! (É, ainda bem que não havia o mimimi do politicamente correto, que tirou a graça de tanta brincadeira). Todo mundo para, até os carros. O cara atravessa a rua como um raio, eu também, colidimos no canteiro central com um abraço e falando “ e aí irmão, legal te ver!”. O cara me levanta como se eu fosse uma pena, e, para não ficar feio, quase parto a coluna fazendo o mesmo. Brincadeiras que só a idade justifica!

A história do João no karatê começou em 1986, época das meninas de Fiorucci e Philippe Martin, todo mundo cobiçando mochilas da Company e os rapazelhos se achando super descolados, com os famigerados tênis redley de duas cores, lembram? Nesse ano, João iniciou no shotokan no Clube Municipal da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o professor Waldyr, sob a supervisão do mestre Tinoko. Em 1987 foi para o América Futebol Clube, tornando-se discípulo do ex técnico da seleção brasileira de karatê, sensei Lacombe.Sagrou-se campeão carioca absoluto em 1988. Veio para Teresopolis em 1989 na faixa verde, ascendendo rapidamente à marrom em 1990 quando, junto com o primo José Moutinho, começou a ensinar o karatê shotokan, sendo que em 1992, recebeu a tão cobiçada faixa preta, junto à banca examinadora da FKERJ - Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro, e desde então não parou mais de lecionar. Suas aulas sempre foram duras, envolvendo o kihon (sequências de golpes de ataque e defesa pré determinados, buscando a repetição até a familiaridade), shiai kumite ( luta de competição, com regras oficiais e tempo definido), o jyu kumite (luta real, combate livre, usando todo tipo de técnica), e o kata ( uma coreografia sequencial de golpes, aludindo a uma luta imaginária). Tudo ensinado com técnica e um carinho que fazia a gurizada ficar doida com ele.

Mas o pioneirismo que sempre admirei no meu amigo foi o da inclusão do shotokan nos projetos sociais, movimentando Teresopolis e cidades vizinhas e tirando da marginalidade jovens e crianças, já naquela época. Caráter louvável e admirável. 

E uma outra faceta desse mestre, essa raríssima na época, era considerar as modalidades de luta irmãs, e não a sua superior à qualquer outra. Certa feita convidou-me para dar uma aula de esquivas para seus alunos. Arrumei meu material e dirigi-me a Rua Goncalo de Castro, onde funcionava a Pro Arte. Nesse prédio havia uma sala onde meu amigo lecionava, e nesse dia havia um faixa roxa e um marrom, muitos verdes e laranjas, e o professor lá, orgulhosao do seu rebanho. Deixou os alunos comigo e ficou só olhando. Fizemos o alongamento e aquecimento habituais e ficamos por mais de uma hora repetindo e adaptando técnicas de esquiva, simulando movimentação, combate e etc. Após isso, calcei as luvas para um treino mas, vendo que o pessoal estranhou, tirei-as e fomos fazer um treino valendo toda sorte de porrada do peito para baixo, e na cabeça só valia encostar a mão, para dar ao oponente a chance de esquivar. Fizemos isso por mais de meia hora e no final, não sei porque cargas d’água, fiquei sozinho lutando contra cinco alunos dele, que sadicamente curtiu cada minuto. Finalizamos o treino, cumprimentamos e fui para o vestiário, onde descobri que eu mesmo estava parecendo um daqueles tênis redley que mencionei, de duas cores. Cabeça, pescoço, peito e pernas brancos e abdome e costelas roxo avermelhados. E meu lado masoquista curtiu muito aquilo.

Hoje o literalmente grande mestre trabalha com empreendimentos, ainda ensina shotokan e nunca deixou de lado os projetos sociais que lhe são tão caros.

Mais uma história da época de ouro das lutas em Teresopolis, espero que tenham gostado. Outras virão.

Grande abraço!

 

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5 minutos atrás, masterblaster disse:

Olá @NEGO DÁGUA, @Axiotis, @Gurkha, @armlock, bom dia! Estou trazendo mais um relato das artes marciais em Teresopolis nos anos 80/90. Creio que esta vai agradar mais ao @MV8  e @LAWYER, em função da modalidade. Então, peço que me acompanhem numa regressão temporal até o ano de 1990.

Comeco falando do meu irmão. Somos 3 com dois anos de diferença cada um, sendo que este é o imediatamente mais novo que eu. Um galalau de mais de 1,80m, que na época puxava ferro pesadíssimo e pesava para lá de 100kg, dono de uma força descomunal. Apesar de nunca ter se interessado muito em artes marciais (fez um pouco de jiu-jítsu e no máximo duas aulas de boxe comigo), tem uma aptidão absurda para o combate, aprendia um movimento uma única vez e depois executava como se fizesse aquilo há anos. Um exemplo disso foi que uma noite em casa, ficamos treinando esquivas e cruzados, só isso. No dia seguinte, a noite, veio me contar que durante o dia foi atacado por um professor de natação muito babaca que havia lá, um Golias que adorava brigar na rua. Meu irmão disse, todo feliz, que tinha usado exatamente as esquivas que aprendera na noite anterior e demoliu o encrenqueiro em plena Rua Duque de Caxias, as duas da tarde, centro de Teresopolis. Hoje esse irmão é proprietário de uma das mais conceituadas academias de fitness em Juiz de Fora/MG, homem sério e muito íntegro. Se cuida moleque, sei que vai ler isso aqui, seu irmão mais velho te ama!

Entao, esse meu irmão fez amizade com um gigante ainda maior, por conta de malharem juntos na mesma academia. Vez por outra ficavam de frente um para o outro, vendo quem suportava as porradas mais fortes do outro no abdômen, um de cada vez. Me apresentou a esse seu amigo, gente finíssima que se tornou amigo meu também. Nome, João Ferreira, introdutor do karatê shotokan em Teresopolis, só isso!

Joao tem um coração gigante, bem maior do que ele próprio. Lembro que uma vez estava passando na Av. Lúcio Meira, em frente ao Colégio Estadual Edmundo Bittencourt, quando ouço gritarem: “ aí branquelo azedo, vou te matar de porrada, toco de vela!”. Olho e do outro lado da rua está o titã me encarando feio, de dar medo. Fecho a cara na hora e grito, “To indo aí, negão filho da p•••, vou te matar! (É, ainda bem que não havia o mimimi do politicamente correto, que tirou a graça de tanta brincadeira). Todo mundo para, até os carros. O cara atravessa a rua como um raio, eu também, colidimos no canteiro central com um abraço e falando “ e aí irmão, legal te ver!”. O cara me levanta como se eu fosse uma pena, e, para não ficar feio, quase parto a coluna fazendo o mesmo. Brincadeiras que só a idade justifica!

A história do João no karatê começou em 1986, época das meninas de Fiorucci e Philippe Martin, todo mundo cobiçando mochilas da Company e os rapazelhos se achando super descolados, com os famigerados tênis redley de duas cores, lembram? Nesse ano, João iniciou no shotokan no Clube Municipal da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o professor Waldyr, sob a supervisão do mestre Tinoko. Em 1897 foi para o América Futebol Clube, tornando-se discípulo do ex técnico da seleção brasileira de karatê, sensei Lacombe.Sagrou-se campeão carioca absoluto em 1988. Veio para Teresopolis em 1989 na faixa verde, ascendendo rapidamente à marrom em 1990 quando, junto com o primo José Moutinho, começou a ensinar o karatê shotokan, sendo que em 1992, recebeu a tão cobiçada faixa preta, junto à banca examinadora da FKERJ - Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro, e desde então não parou mais de lecionar. Suas aulas sempre foram duras, envolvendo o kihon (sequências de golpes de ataque e defesa pré determinados, buscando a repetição até a familiaridade, shiai kumite ( luta de competição, com regras oficiais e tempo definido), o jyu kumite (luta real, combate livre, usando todo tipo de técnica), e o kata ( uma coreografia sequencial de golpes, aludindo a uma luta imaginária). Tudo ensinado com técnica e um carinho que fazia a gurizada ficar doida com ele.

Mas o pioneirismo que sempre admirei no meu amigo foi o da inclusão nos projetos sociais, movimentando Teresopolis e cidades vizinhas e tirando da marginalidade jovens e crianças, já naquela época. Caráter louvável e admirável. 

E uma outra faceta desse mestre, essa raríssima na época, era considerar as modalidades de lutas irmãs, e não a sua superior à qualquer outra. Certa feita convidou-me para dar uma aula de esquivas para seus alunos. Arrumei meu material e dirigi-me a Rua Goncalo de Castro, onde funcionava a Pro Arte. Nesse prédio havia uma sala onde meu amigo lecionava, e nesse dia havia um faixa roxa e um marrom, muitos verdes e laranjas, e o professor lá, orgulhosao do seu rebanho. Deixou os alunos comigo e ficou só olhando. Fizemos o alongamento e aquecimento habituais e ficamos por mais de uma hora repetindo e adaptando técnicas de esquiva, simulando movimentação, combate e etc. Após isso, calcei as luvas para um treino mas, vendo que o pessoal estranhou, tirei-as e fomos fazer um treino valendo toda sorte de porrada do peito para baixo, e na cabeça só valia encostar a mão, para dar ao oponente a chance de esquivar. Fizemos isso por mais de meia hora e no final, não sei porque cargas d’água, fiquei sozinho lutando contra cinco alunos dele, que sadicamente curtiu cada minuto. Finalizamos o treino, cumprimentamos e fui para o vestiário, onde descobri que eu mesmo estava parecendo um daqueles tênis redley que mencionei, de duas cores. Cabeça, pescoço, peito e pernas brancos e abdome e costelas roxo avermelhados. E meu lado masoquista curtiu muito aquilo.

Hoje o literalmente grande mestre trabalha com empreendimentos, ainda ensina shotokan e nunca deixou de lado os projetos sociais que lhe são tão caros.

Mais uma história da época de ouro das lutas em Teresopolis, espero que tenham gostado. Outras virão.

Grande abraço!

 

Osss, vc é um referência no fórum, uma honra aprendemos com vc todo dia!!

Patrimônio do kickboxing brasileiro

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1 minuto atrás, NEGO DÁGUA disse:

Osss, vc é um referência no fórum, uma honra aprendemos com vc todo dia!!

Patrimônio do kickboxing brasileiro

Que isso Nego, eu que sou velho é que fico feliz quando encontro alguém para escutar! Kkk!

Valeu, forte abraço!

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Olá @NEGO DÁGUA, @Axiotis, @Gurkha, @armlock, bom dia! Estou trazendo mais um relato das artes marciais em Teresopolis nos anos 80/90. Creio que esta vai agradar mais ao @MV8  e @LAWYER, em função da modalidade. Então, peço que me acompanhem numa regressão temporal até o ano de 1990.

Comeco falando do meu irmão. Somos 3 com dois anos de diferença cada um, sendo que este é o imediatamente mais novo que eu. Um galalau de mais de 1,80m, que na época puxava ferro pesadíssimo e pesava para lá de 100kg, dono de uma força descomunal. Apesar de nunca ter se interessado muito em artes marciais (fez um pouco de jiu-jítsu e no máximo duas aulas de boxe comigo), tem uma aptidão absurda para o combate, aprendia um movimento uma única vez e depois executava como se fizesse aquilo há anos. Um exemplo disso foi que uma noite em casa, ficamos treinando esquivas e cruzados, só isso. No dia seguinte, a noite, veio me contar que durante o dia foi atacado por um professor de natação muito babaca que havia lá, um Golias que adorava brigar na rua. Meu irmão disse, todo feliz, que tinha usado exatamente as esquivas que aprendera na noite anterior e demoliu o encrenqueiro em plena Rua Duque de Caxias, as duas da tarde, centro de Teresopolis. Hoje esse irmão é proprietário de uma das mais conceituadas academias de fitness em Juiz de Fora/MG, homem sério e muito íntegro. Se cuida moleque, sei que vai ler isso aqui, seu irmão mais velho te ama!

Entao, esse meu irmão fez amizade com um gigante ainda maior, por conta de malharem juntos na mesma academia. Vez por outra ficavam de frente um para o outro, vendo quem suportava as porradas mais fortes do outro no abdômen, um de cada vez. Me apresentou a esse seu amigo, gente finíssima que se tornou amigo meu também. Nome, João Ferreira, introdutor do karatê shotokan em Teresopolis, só isso!

Joao tem um coração gigante, bem maior do que ele próprio. Lembro que uma vez estava passando na Av. Lúcio Meira, em frente ao Colégio Estadual Edmundo Bittencourt, quando ouço gritarem: “ aí branquelo azedo, vou te matar de porrada, toco de vela!”. Olho e do outro lado da rua está o titã me encarando feio, de dar medo. Fecho a cara na hora e grito, “To indo aí, negão filho da p•••, vou te matar! (É, ainda bem que não havia o mimimi do politicamente correto, que tirou a graça de tanta brincadeira). Todo mundo para, até os carros. O cara atravessa a rua como um raio, eu também, colidimos no canteiro central com um abraço e falando “ e aí irmão, legal te ver!”. O cara me levanta como se eu fosse uma pena, e, para não ficar feio, quase parto a coluna fazendo o mesmo. Brincadeiras que só a idade justifica!

A história do João no karatê começou em 1986, época das meninas de Fiorucci e Philippe Martin, todo mundo cobiçando mochilas da Company e os rapazelhos se achando super descolados, com os famigerados tênis redley de duas cores, lembram? Nesse ano, João iniciou no shotokan no Clube Municipal da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o professor Waldyr, sob a supervisão do mestre Tinoko. Em 1987 foi para o América Futebol Clube, tornando-se discípulo do ex técnico da seleção brasileira de karatê, sensei Lacombe.Sagrou-se campeão carioca absoluto em 1988. Veio para Teresopolis em 1989 na faixa verde, ascendendo rapidamente à marrom em 1990 quando, junto com o primo José Moutinho, começou a ensinar o karatê shotokan, sendo que em 1992, recebeu a tão cobiçada faixa preta, junto à banca examinadora da FKERJ - Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro, e desde então não parou mais de lecionar. Suas aulas sempre foram duras, envolvendo o kihon (sequências de golpes de ataque e defesa pré determinados, buscando a repetição até a familiaridade), shiai kumite ( luta de competição, com regras oficiais e tempo definido), o jyu kumite (luta real, combate livre, usando todo tipo de técnica), e o kata ( uma coreografia sequencial de golpes, aludindo a uma luta imaginária). Tudo ensinado com técnica e um carinho que fazia a gurizada ficar doida com ele.

Mas o pioneirismo que sempre admirei no meu amigo foi o da inclusão do shotokan nos projetos sociais, movimentando Teresopolis e cidades vizinhas e tirando da marginalidade jovens e crianças, já naquela época. Caráter louvável e admirável. 

E uma outra faceta desse mestre, essa raríssima na época, era considerar as modalidades de luta irmãs, e não a sua superior à qualquer outra. Certa feita convidou-me para dar uma aula de esquivas para seus alunos. Arrumei meu material e dirigi-me a Rua Goncalo de Castro, onde funcionava a Pro Arte. Nesse prédio havia uma sala onde meu amigo lecionava, e nesse dia havia um faixa roxa e um marrom, muitos verdes e laranjas, e o professor lá, orgulhosao do seu rebanho. Deixou os alunos comigo e ficou só olhando. Fizemos o alongamento e aquecimento habituais e ficamos por mais de uma hora repetindo e adaptando técnicas de esquiva, simulando movimentação, combate e etc. Após isso, calcei as luvas para um treino mas, vendo que o pessoal estranhou, tirei-as e fomos fazer um treino valendo toda sorte de porrada do peito para baixo, e na cabeça só valia encostar a mão, para dar ao oponente a chance de esquivar. Fizemos isso por mais de meia hora e no final, não sei porque cargas d’água, fiquei sozinho lutando contra cinco alunos dele, que sadicamente curtiu cada minuto. Finalizamos o treino, cumprimentamos e fui para o vestiário, onde descobri que eu mesmo estava parecendo um daqueles tênis redley que mencionei, de duas cores. Cabeça, pescoço, peito e pernas brancos e abdome e costelas roxo avermelhados. E meu lado masoquista curtiu muito aquilo.

Hoje o literalmente grande mestre trabalha com empreendimentos, ainda ensina shotokan e nunca deixou de lado os projetos sociais que lhe são tão caros.

Mais uma história da época de ouro das lutas em Teresopolis, espero que tenham gostado. Outras virão.

Grande abraço!

 

Show! Quando achava que o melhor tópico de todos os tempos do PVT ia parar lá vem boas novas!

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