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A história do Judô: De Jigoro Kano aos dias de hoje.

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Eu ia postar no topico do Rufino mas por ser longo achei que ia desvirtuar o tema do tópico(Gracie, Rufino e afins )  entao criei novo topico, mas como no topico do Rufino tem alguns debates sobre a origem "disse e daquilo", "quem criou o que", "jiu jitsu veio do Judô e vice versa" se acharem pertinente podem copiar e colar la.

Retirado da revista tatame edição número 39 ano 1998.

A história do Judô 

Por Alexandre Vidal

 

 

Jigoro Kano, em 1878, criou o judô, pensando fundamentalmente em melhorar o mundo e também a relação entre os seres humanos. Entenda um pouco do que estamos falando nas linhas seguintes, onde você ficará por dentro da história desta magnífica Arte Marcial.

No Japão feudal, entre as disciplinas obrigatórias para a formação de guerreiros (samurais ), além do Ken-jitsu  (espada e esgrima ), Kiu-Jitsu (arco e flecha ),  Karate-Jitsu e outras Artes Marciais, existia uma em especial, chamada Jiu-Jitsu.

Enquanto as outras, a não ser o Karate-Jitsu, usavam armas, o Jiu-Jitsu, pelo contrário, não as usava, e sua finalidade era de capacitar o seu praticante a enfrentar adversários armados ou não. O objetivo principal era a defesa pessoal. Quando um samurai era atacado em um lugar público, onde não fosse possível o uso de armas (espada ), defendia-se aplicando o Jiu-Jitsu, projetando o oponente ao solo, aplicando pancadas em pontos vitais e torcendo as articulações.

no século XIX da era Meiji (renascença japonesa ), com a abertura dos portões japoneses ao ocidente no ano de 1877, o Japão foi destemunha de mudanças radicais na sociedade, na política,  na cultura e nos costumes. 

Com o colapso do sistema feudal, os japoneses foram esquecendo e deixando de lado as velhas tradições para buscar as novidades ocidentais. Com isso, as Artes Marciais(militares ) foram sendo extintas e as classes dos Samurais, com a proibição do porte de armas como a espada (Katasha), foi desaparecendo.

Entre 1877 e 1880, um jovem estudante de físico franzino, chamado Jigoro Kano, interessou-se pelo Jiu-Jitsu, onde os fracos , pelo emprego constante das técnicas, podiam dominar os fortes. Compreendeu este jovem que o Jiu-Jitsu, desde que convenientemente adaptado,  seria um sistema ideal de defesa pessoal. 

Nessa época havia dezenas de estilos de Jiu-Jitsu,  apresentando-se diferenças entre uns e outros. Um apresentava somente as formas(Kata), outros adotavam lutas corpo a corpo,  especializando-se somente no chão(Ne-Waza), em pé  (Tati-Waza) ou golpes mortais (Atemi-Waza)

Jigoro Kano procurou ingressar em todas as escolas existentes, estudando e assimilando técnicas e, cientificamente todos os sistemas.

Em 1882, resolveu fundar a sua própria escola, a qual deu o nome de Kodokan, que se propunha a difundir amplamente o caminho da moral, com métodos e princípios filosóficos básicos,  ou seja, "máximo de eficiência com o mínimo de dispêndio de energia e o bem estar e benefícios  úteis para todos". Quando iniciou suas atividades na Kodokan,  com apenas 12 tatames, Kano tinha 23 anos.

Como a denominação Jiu-Jitsu levava o povo a acreditar ser esta a arma de matar e da violência,  Kano resolveu denominar o novo sistema como Judô(técnica,  doutrina e suavidade ). Mais tarde, todas as Artes Marciais substituíram a palavra final para "Do", que significa caminho. Os mais famosos professores de Jiu-Jitsu  reuniram seus estilos com o do mestre Kano, passando a figurar dentro da técnica sistematizada da Kodokan. Mas nem todos concordaram com esta nova denominação Judô. Reuniram-se então todos os professores de Jiu-Jitsu contrários,  provocando desafios frequentes. Em 1886, o Jiu-Jitsu tradicional era representado pelo mais forte estilo,  o Yoshim-Riu, que tinha como professor Hikokuro Kozuka e fazia frente a Kodokan. 

A oportunidade para se medir forças entre o Judô e o Jiu-Jitsu apresentou-se quando a polícia de Tóquio precisou escolher um professor para dar aulas de defesa pessoal e solicitaram o professor Jigoro Kano a apresentar os representantes da Kodokan para enfrentar os de Jiu-Jitsu. Foram escolhidos 10 elementos de cada modalidade e, ao final o resultado foi de um empate e nove vitórias para a Kodokan. 

Daí por diante, o Judô foi crescendo dia a dia. Os discípulos de Kano eram todos estudantes de Medicina e Direito. O próprio mestre Kano era diretor da Gakau-Shuim, nessa época a maior Universidade de Tóquio, onde estudavam os membros da família real.

Em 1938, Kano viajou para Cairo, como membro do comitê olímpico, com o objetivo de realizar a olimpíada prevista para o ano de 1940, em Tóquio. Não viu realizar o seu sonho, pois na viagem de volta, no dia 4 de maio de 1938, falecia a bordo do navio Hikawa-Maru e no ano seguinte estourava a Segunda grande Guerra Mundial, impedindo a realização do seu grande sonho. 

Muitas vezes o Judô serve como iniciação para outras lutas porque nele se aprende a cair sem se machucar muito. Mais que um ataque, o Judô é uma luta de auto-defesa , em que o participante procura imobilizar o adversário ou finalizar a luta com técnicas de torções e estrangulamentos. Tirou os golpes mais lesivos do Jiu-Jitsu porque a finalidade da nova luta não era formar guerreiros,  e sim cidadãos pacíficos. Basicamente, uma forma de derrubar o adversário e desarma-lo, se fosse o caso. Seria também uma via para alcançar a compreensão,  o domínio de si mesmo, a paz interior e o auto-equilíbrio. 

O templo do Judô 

Fundada por Jigoro Kano em 1882, a Kodokan é considerada ate os dias de hoje como o grande templo mundial da modalidade. Localizada num predio de 8 andares no centro de Tóquio,  bem ao lado do maior ginásio coberto do Japão,  o Tokyo Dome, a Kodokan se transformou num dos pontos turísticos mais procurados daquele país. Além do maior dojô do mundo ,localizado nos dois últimos andares do prédio,  a meça do Judô abriga ainda alojamentos para atletas enviados de todo o mundo para fazer cursos em suas instalações, um dojô só para mulheres, vários escritórios e um museu, que guarda toda a história da modalidade. Relíquias, como os primeiros quimonos usados por Jigoro Kano, bem como várias outras jóias ligadas à história do esporte estão lá expostas. Quem entra lá nunca esquece, que o diga o treinador da seleção brasileira de Judô,  Geraldo Bernardes, que já esteve lá 5 vezes. "Lembro que na primeira vez em que estive lá,  em 1978, tinha uma lenda de que todos que por lá passavam para participar de treinamentos especiais saiam todos machucado, tal o nível dos judocas locais. Lógico que era uma lenda. Aquele foi o lugar onde nasceu o Judô para o qual eu investi toda a minha vida".

O faixa preta de Jiu-Jitsu e Judô Joe Moreira também esteve lá em 1985 para uma temporada de 3 meses que marcou sua vida :" Foi lá que eu aprendi a ser homem. Lembro que acordava as 5 da manhã e treinava o dia todo. Foi uma experiência incrível ", lembra Joe.

Ricardo Liborio, que esteve no Japão em 1996 logo após se sagrar campeão mundial de Jiu-Jitsu, para acompanhar os amigos Wallid  e Carlão num Vale Tudo, bem que tentou, mas não conseguiu realizar seu sonho de treinar no templo do Judô. "Aquele lugar é mágico. Foi uma grande frustração chegar até ali de quimono e tudo é não conseguir dar um treininho naquele dojô ", conta Liborio, que esqueceu de pegar uma carta de apresentação com o professor Pedro Gama Filho e acabou não sendo liberado para treinar.

"Estive lá pela primeira vez em 1982. Foi a realização de um sonho, afinal a Kodokan é o berço do Judô. Ela é a casa de todo judoca, independente do seu país de origem. Sempre que vou lá, encontro estrangeiros de todo o mundo aprendendo, estudando e treinando o puro Judô ", arremata Aurélio Miguel,  sem deixar dúvidas do verdadeiro significado da Kodokan para o Judô mundial.

Agradecimentos ao mestre Takeshi Ueda, 9 Dan de Judô, por colaborar com a matéria.

" O Judô é o caminho para a utilização eficaz das forças física e espiritual.

treinando os ataques e as defesas,  o corpo e a alma se tornam apurados e a essência do Judô torna-se parte dos mesmos e contribui alguma coisa para valorizar o mundo. Esta é a meta final da disciplina do Judô"

Jigoro Kano 

 

 

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