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Ultimate Fighter

A revolução Rorion Gracie - Entrevista

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"Essa entrevista e antiga, acho que é de 2003, a revista (tatame) ta sem a capa" mas o gracie fala umas coisas  legais, não tinha nada pra fazer resolvi posta , Abraço!

Depois de mudar a história das artes marciais criando o Ultimate Fighting championchip(UFC) e apresentando ao mundo a eficiência do Jiu-jitsu desenvolvido pelos Gracie, Rorion, o mais empreendedor dos filhos de Hélio Gracie promete uma nova revolução nesse início de milênio. O irmão mais velho de Rickson está concentrado em dois novos projetos, definidos por ele como revolucionários. O primeiro deles, já em curso, é o desenvolvimento da Federação internacional de Jiu-jitsu,  organizando torneios com lutas sem limite de tempo.

O segundo projeto,  com previsão para sair do papel neste mês de outubro envolve a criação de um mega-evento  de segue submission. Enquanto arquitetava os novos empreendimentos,  Rorion fundou o museu Gracie e aproveitou para adiantar um livro que está escrevendo sobre a história da sua família. Nossa equipe esteve na academia de Rorion na Califórnia para fazer um balanço de suas atividades. Após apresentar seus filhos e mostrar todos os detalhes de seu museu Gracie, Rorion nos concedeu a entrevista que vc lê nas próximas páginas.

T- Você fundou a federação internacional de Jiu-jitsu com novas regras de pontuação e já fez um torneio nesses moldes. Funcionou como planejado? 

R- O tempo médio das lutas foi de 8 minutos, então o resultado foi excelente e todos os competidores estavam muito felizes. O que nós estamos promovendo é a idéia de um Jiu-jitsu ofensivo que desencoraja os lutadores marcarem pontos e segurar a luta.Hoje nós vemos muitos lutadores vencendo por uma vantagem ou por uma decisão do juiz. Muitas vezes o cara que ganhou talvez pudesse até perder se a luta se prolongasse por mais um minuto.Esse tipo de situação não deveria acontecer em um esporte que é conhecido pela eficiência de suas finalizações.

T- O que há de diferente nas regras que vc criou?

R- O objetivo principal é a finalização, então não há limite de tempo. A única forma de se ganhar na pontuação é  se alcançar uma vantagem de 12 pontos sobre o seu oponente, não deixando dúvidas sobre uma total superioridade. Montada e pegada pelas costas (4 pontos) e passagem de guarda (3 pontos) são as únicas maneiras de pontuar. Aliás, a partir de agora eu tb colocarei um ponto para cada raspada.

T- E porque as quedas não marcam pontos?

R- Eu não considero queda importante no Jiu-jitsu. Algumas vezes o cara é bom no Wrestling, judô ou luta-livre e dá uma queda e se levanta de novo, marcando pontos sem estar lutando no chão, o que é a principal idéia do Jiu-jitsu. Deste modo nós poderíamos ter bons wrestlers sendo campeões de Jiu-jitsu, então o lutador tem que mostrar qualidades técnicas de Jiu-jitsu.

T- Seu primo Carlos Gracie Jr..presidente  da Confederação Brasiletrados de Jiu-jitsu, uma vez comentou que se fizesse um Mundial com as suas regras, a competição poderia levar uma semana. O que você tem a dizer sobre isso?

R- Nós viemos experimentando as novas regras e constatamos que não dura tanto tempo assim. Eu tive cerca de 150 lutadores em dois dias. A competição começou às 10 da manhã e acabou as 3 da tarde em ambos os dias. Houve lutas longas, mas também muitas lutas curtas porque todo mundo procurou as finalizações. O tempo médio de cada luta foi de oito minutos. Nós usamos quatro tatames. Se o carlinhos precisar agilizar o evento é só uma questão de colocar mais áreas de lutas. 

T- Entao vc realmente acha que a Confederação brasileira deveria adotar essas regras?

R- Eu iria adorar. O Carlinhos é o presidente da CBJJ então eu penso que ele deveria testar as regras não porque o Rorion está pedindo, mas sim pelo bem do Jiu-jitsu. Eu sei que ele é um cara que se preocupa com o desenvolvimento e crescimento do Jiu-jitsu no mundo. Essa regra  foi desenvolvida para priorizar os verdadeiros campeões e não encorajar aos que fazem pontos e amarram a luta. Guy Mialot, fez o campeonato europeu com as nossas regras e foi um grande sucesso.

T- Por causa desse problema do limite do tempo vc e o Royce deixaram o UFC, agora que vc está separado do Royce,  ele está negociando a volta. O que vc acha disso?

R- Eu não sabia disso. Se ele pensa que estas pronto para lutar nessas regras, ele tem experiência suficiente pra saber o que é bom pra ele.

T- Você não sabia que o UFC está tentando trazer os velhos ídolos de volta?

R- Eu ouvi alguma coisa sobre isso, mas confesso  que não acompanho o que se passa com o evento. Não vejo o UFC a pelo menos 25 edições.

T- Você está desapontado com o evento que criou?

R- Claro, eu criei o UFC com uma visão  e de repente mudou 100%. Hoje não fico nem um pouco empolgado com o que vejo. Eles sempre me convidam pra acompanhar as lutas nos assentos vips próximo ao ringue, mas eu não quero perder meu tempo. O UFC não tem mais um confronto de estilos. Existem tantos caras trocando socos para ver quem é o mais forte....O novo UFC quer ver briga em pé,  quando a luta vai para o chão eles levantam. Não estão preocupados em saber qual o melhor estilo, mas quem bate mais no oponente.

T- Você acha que o fato de eles estarem trazendo os velhos ídolos de volta prova que o seu evento era melhor? 

R- A revista fordes descreveu o UFC (Primeiros eventos) como o mais bem sucedido na história do Pay-per--view. No meu tempo nós alcançamos 300 mil lares, hoje eles chegam no máximo 40 mil. Quando trouxeram de volta o Ken shamrock, eu ouvi falar que chegaram a 90 mil.

T- Hoje o MMA é  muito popular nos Estados Unidos mas o pay-per-view não acompanhou essa evolução. Porque as primeiras edições eram tão bem recebidas?

R- Porque era um evento novo baseado no confronto de diferentes estilos de luta. A idéia era comparar estilos puros. Então os caratecas e os fãs queriam ver o representante do Caratê contra o cara do judô, que também tinha milhares de praticantes torcendo por ele. Cada lutador representava seu mundo. E nós provamos que o Jiu-jitsu é a mais completa arte marcial. Esse enorme sucesso  fez com que todas as artes marciais se preocupassem, pelo fato de não poderem entrar em um combate real contra um especialista em Jiu-jitsu. Então todos começaram a praticar Jiu-jitsu para sobreviver no Octagon. Tantas pessoas começaram a aprender Jiu-jitsu,  mesmo o chamando de outros nomes como o wrestling submission, American Submission. Outro dia eu li uma reportagem que ensinava o Ground Karate (caratê de chão ). É inacreditável. Mas o importante é que as pessoas começaram a aprender Jiu-jitsu e esse era o meu principal objetivo quando cheguei aqui há 25 anos. Acordei o mundo para a importância de lutar no chão.

T- Você está lançando um novo evento... fale abre isso.

R- Quero realizar uma competição que reacenda o espírito do UFC e prêmie os caras que realmente vençam embasados em uma superioridade técnica. Quero campeões com qualidades de finalização. Esse é o espírito que me levou a criar o Ultimate Submission Showdown (USS), que será lançado no dia 11 de outubro aqui na Califórnia,  assim como fiz no Ultimate,  colocando o Royce como representante da família, desta vez meu filho Ryron, de 21 anos, estará no card.

T- Você teve problemas para fechar o card deste primeiro USS, o que acha que aconteceu? 

R- Queria montar um card bem diversificado, com lutadores de várias nacionalidades e estilos. Realmente vários recusaram o convite, como Sakuraba, Marco Ruas, Dean Lister, Ricco Chiaparelli, Tito Ortiz,  Ken Shamrock, Yoshida, Mike Van Arsdale, Dan severn, Kimo, Matt hughes, Guy Metzger e John Olav. Sinceramente não sei por quê. Não devem ter confiança no seu chão. A proposta do evento é que eles lutem da mesma maneira como fazem em seus treinos de chão na academia e ainda com um prêmio de U$$ 5 mil para o campeão.

T- Qual a diferença entre o USS e o ADCC?

R- A primeira delas é que o USS é meu (risos). Eu estou aqui para lançar novas coisas e concertar outras. A diferença do UFC que eu criei e o novo é como a água e o vinho,  a diferença entre a minha academia e outras é enorme. As regras serão as mesmas do meu evento de Jiu-jitsu,  onde vc pode vencer por finalização ou por diferença de 12 pontos.

T- Pela primeira vez na história Royler Gracie foi finalizado por um oponente da mesma categoria de peso. O que vc tem a dizer da vitória de Eddie Bravo sobre seu irmão no último ADCC?

R- Eu não vi a luta mas eu sei que o Royler, na categoria dele é um dos melhores lutadores do mundo . Nós não podemos discutir sobre o nível técnico de um cara como o Royler. Mas mesmo quando vc é um lutador top, algumas vezes pode se atrasar numa defesa e aí está tudo acabado. Acontece com qualquer um.

T- O fato de seu irmão ter sido vencido por um lutador americano não é a maior prova de que seu sonho de ver o Jiu-jitsu na América virou realidade? 

R- Meu pai sempre disse que se um cara batesse em mim usando Jiu-jitsu significa que fui um excelente professor. Hoje todo mundo que pratica Jiu-jitsu no mundo aprendeu com um Gracie  ou um aluno dos Gracie. Esse é um Jiu-jitsu vencedor. Há 15 anos, quando eu lancei em primeira mão vídeo tapes ensinando Jiu-jitsu,  a questão veio na minha mente: deveria fazer esses vídeos e explodir o Jiu-jitsu no mundo ou não. Talvez nós devêssemos manter o nosso conhecimento para vencer mais 70 anos. Se você divide o que sabe vc estará vulnerável a essa pessoa a quem vc ensinou. Eu me sentei com meu pai, Rickson, Relson e Royce e, juntos chegamos a conclusão de que eu deveria fazer esse vídeo. Eu realmente acredito que a família Gracie tem uma missão no planeta.  Nossa família influenciou todo o mundo.

T- Então a mentalidade mudou. Você aceita hoje que professores de Jiu-jitsu ensinem suas técnicas para um wrestler por exemplo ou ainda considera um traidor como no passado?

R- Eu não posso proibir isso. O Jiu-jitsu é o único estilo que todos têm que aprender.  Wrestling existe a muito tempo aqui e o pessoal do Caratê nunca quis aprender. Mas hoje todos querem praticar Jiu-jitsu. Nós mudamos o conceito da arte marcial no mundo e em todos os lugares as pessoas reconhecem isso. A verdade é que Jiu-jitsu é tão importante que tem que ser compartilhado. Imagine que vc está num deserto com uma garrafa de água e um cara vem sedento implorando por um gole. Se você der a água, ele vai se recuperar, matar você e roubar a sua garrafa. Neste caso o mau caráter é  ele, se ele vem morrendo de sede e você se negar, então o mau caráter é você.

Continua ..

 

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Continuação..

T- Você considera a missão dos seus filhos e outros Gracies da Nova geração mais difícil do que a missão que Royce e Rickson tiveram há 10 anos atrás? 

R- Royce teve outra espécie de missão,  porque no tempo dele as pessoas não sabiam Jiu-jitsu para competir com ele no mesmo nível. Hoje todos sabem Jiu-jitsu então os novos caras estão enfrentando uma situação mais difícil. Hoje o nome Gracie tem que ser visto de forma diferente. No passado nós fomos os melhores do mundo porque ninguém sabia a arte suave. Hoje, todos sabem Jiu-jitsu. A nova geração de Gracies tem que estar alerta da posição deles e eles sabem que terão que treinar ainda mais forte para enfrentar oponentes que sabem também o Jiu-jitsu. No entanto, eles não tem a responsabilidade de provar que o Jiu-jitsu é o melhor.

T- Nos velhos tempos você costumava dizer que  o Jiu-jitsu era tudo para o Vale Tudo. E hoje, você encoraja seus filhos a treinar várias modalidades  (cross training)?

R- É importante que eles dancem conforme a música. Os oponentes estão aprendendo Jiu-jitsu e é importante que eles tenham noção do que estão fazendo também. Eu aceito que eles se exponham a outros estilos mas a essência sempre será o Jiu-jitsu,  se eles não tem Jiu-jitsu suficiente, eles têm que trocar de profissão.

T- O que você acha do Minotauro? 

R- Ele é um excelente lutador, tem grande coração. Tudo o que ele tem hoje, ele mereceu.

T- Como esta a Gracie Torrance depois da saída do Royce?

R- Está  tudo bem, estamos sempre com projetos novos. Essa academia é um laboratório de novos projetos. Além deste evento de submission, eu estou planejando um projeto de colocar um evento de luta na TV. Meus três filhos Ryron, Rener e Ralek estão tomando conta disso muito bem.

T- No Brasil as pessoas costumam dizer que o Jiu-jitsu praticado na América é ultrapassado. O que você acha disso?

R- O Jiu-jitsu que usamos aqui é o mesmo velho Jiu-jitsu do Hélio Gracie. A única forma de checar se é ultrapassado é no tatame.

T - Quando você decidiu abrir esse museu?

R- O museu é um projeto que tenho há muito tempo. Eu finalmente o abri em outubro de 2002 com a presença de meu pai, Chuck Norris, Tommy Lee Jones, Richard Norton, os machados e muitos Gracies.

T- Qual a sua parte favorita do museu?

R- Eu gosto muito da casa de Teresopolis, o que foi um paraíso para Gracies. Nós a compramos em 1952 e a vendemos em meio da década de 80. Felizmente nós tiramos um monte de fotos daquela casa de muitos ângulos. Eu as dei para um artista brasileiro e ele produziu uma maquete. Ela é muito especial para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-lá. A casa tem 20 mil metros quadrados , 21 quartos, 18 banheiros, 18 empregados trabalhando e usando uniformes. Esses trabalhadores costumavam ter 14 filhos o que significa que quando a casa estava vazia já era habitada por 34 pessoas. Minha mãe costumava tomar conta da casa como se fosse um hotel top de linha. Uma vez ela contou 37 crianças da nossa familia(Gracie ) na casa. Algumas vezes nós costumávamos ter 1000 pessoas passando o final de semana. Era inacreditável. Por duas vezes nós fizemos uma festa de carnaval na casa com músicos e cerca de 1000 pessoas. Nós tínhamos uma enorme máquina de lavar e lá lavavamos 650 quimonos semanalmente da academia Gracie. Os Gracie mais novos passavam as férias todas lá  (3 meses).

T- também são incríveis os primeiros desenhos do Octagon..

R- No tempo em que Jonh Milus era meu aluno nós os desenhamos. Nossa primeira idéia foi criar uma jaula com correntes. Nós ainda pensamos em colocar um tanque com tubarões ou crocodilos em volta da área de luta. A idéia era fazer um show digno de Hollywood. Após vários encontros nós finalmente decidimos ficar com a idéia inicial do Octagon.

T - O museu tem foto de todos os Gracies que lutaram vale tudo?

R- Eu tentei fazer um painel para cada Gracie que lutou vale tudo, um total de 18 Gracies, mas infelizmente nem todos me enviaram fotos. Eu tenho aqui: Meu pai, Carlson, Royce, Rickson, Renzo, Rolls, Rodrigo, Royler, Robin, Charles, eu e um espaço na parede que nós reservamos para as seguintes gerações de campeões. A família Gracie é a maior ligada à esportes na história. Nunca existiu uma familia com tantos membros exercendo a mesma atividade.

T - O museu tb tem um registro do tempo em que ensinava na garagem...

R- Desse registro vc pode ver o crescimento da popularidade do Jiu-jitsu aqui nos EUA, desde seu aparecimento em 1979 onde eu costumava ensinar na minha garagem. No começo eu tinha poucos estudantes mas todos os meses eu trazia novos amigos. Após um ano eu tinha 120 estudantes. Dava aulas sete dias na semana, desde as sete da manhã até as nove da noite com 80 pessoas na lista de espera. Então mudei pra cá e abri a academia Gracie Torrance. Nós também temos uma  parte do museu mostrando a primeira academia Gracie no Rio de Janeiro.

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Uma pena que isso não foi pra frente! Me lembro muito bem dessa entrevista! Comprei essa edição... inclusive comprava quase sempre naquele época!

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 Lendo essa entrevista podemos perceber que tudo tem dois lados, tem muito brasileiro que parece ter um ranço com a família Gracie a ponto de querer distorcer pro lado negativo qualquer notícia vinculada à família, ainda que seja uma boa notícia.

Nessa entrevista do Rorion deu pra ver que ele é bem esclarecido, diferente do que dizem sobre os Gracies, e ele tb já tinha uma preocupação com o péssimo rumo que  jiu jitsu esportivo estava tomando(hoje vemos posições esquisitas,(começa a luta com o lutador virando de costas, ficando de quatro esperando o oponente dar uma "carcada" por tras, zero eficiência numa luta real)

Além de termos a grata surpresa de que o glorioso Rickson Gracie não  é o único pipoqueiro do mundo das lutas, entraram pro time o grande Sakuraba,  o temido Marco Ruas, e mais um pessoal top que a rapaziada admira por nunca terem fugido de um bom combate!

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