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O primeiro cinturão do UFC para o Brasil: Bustamante relembra conquista que completa 18 anos

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O primeiro cinturão do UFC para o Brasil: Bustamante relembra conquista que completa 18 anos

Murilo Bustamante venceu Dave Menne no UFC 35 e se tornou o campeão da divisão dos médios, a mesma que anos depois foi dominada por Anderson Silva

Por Gleidson Venga — Rio de Janeiro

 

Depois das conquistas de Royce Gracie (UFC 1, 2 e 4), Marco Ruas (UFC 7) e Vitor Belfort (UFC 12), o Brasil já se havia se firmado com uma das grandes potências do vale-tudo mundial nos anos 90 ao lado dos Estados Unidos.

Apesar de outros lutadores como Pedro Rizzo, Wanderlei Silva e Renato Babalu conquistarem vitórias para o país, faltava um cinturão. E foi Murilo Bustamante quem quebrou este tabu.

Faixa-preta de jiu-jítsu formado pelo lendário mestre Carlson Gracie, Murilo era um dos mais respeitados lutadores do Brasil e, além de inúmeros títulos na arte suave, já colecionava lutas importantes no vale tudo. Após vencer Yoji Anjo em sua estreia na organização, o brasileiro enfrentou Chuck Liddell no UFC 33, em setembro de 2001, na primeira edição do evento em Las Vegas.

Considerado um dos principais lutadores do Ultimate, Liddell seguia em sua escalada rumo ao topo da divisão dos meio-pesados, e Bustamante deveria ser apenas mais um obstáculo para ele.

- O Dana White e o Lorenzo Fertitta foram nos visitar numa academia em Las Vegas e era impressionante a maneira como eles olhavam para o Murilo, tipo "Esse cara não tem chance" – relembra Marcello Tetel, empresário do brasileiro na época.

O combate foi equilibrado, vencido pelo americano na decisão dos jurados, mas o resultado acabou gerando muita polêmica, como contou Murilo ao Combate.com.

- Depois da luta, o Dana White e o Joe Silva (matchmaker do UFC) foram ao vestiário se desculpar comigo. Eles disseram que não tinham poder sobre a arbitragem, que eles acharam que eu venci. Eu estava há um ano sem lutar, fiz uma ótima luta e acho que poderia ter levado esse resultado.

A discordância de Dana White com o resultado foi tanta que ele ofereceu uma escolha a Bustamante como próximo passo na organização:

- Logo na sequência eles me deram uma oportunidade de revanche com o Chuck Liddell ou uma chance pelo título dos médios contra o campeão, que era o Dave Menne. Eu pensei na ocasião que se eu vencesse o Chuck não seria campeão, pois eu teria que lutar com o (campeão) Tito Ortiz, e então seriam duas lutas, mas no médio eu já iria direto para o cinturão, então matematicamente fiz o caminho mais curto. Não sei se foi uma compensação, mas eles sempre me viam com bons olhos, acho que até se surpreenderam com minha performance. Acho que pelo relacionamento que eles tinham com o Chuck Liddell, que era patrocinado por eles, era cria deles, um cara que dava beijo no rosto dos irmãos Fertittas, eu seria um adversário para ele nocautear. Ele vinha de dois nocautes, eu era invicto na época e isso seria um troféu para o Chuck Liddell, mas o tiro saiu pela culatra, então eles aproveitaram a oportunidade para me colocar pra lutar pelo título.

A mudança de peso, que hoje é feita naturalmente, naquela época era novidade entre os lutadores brasileiros. Já entre os americanos era mais natural, pois herdaram essa cultura das competições de wrestling. O resultado disso eram lutadores fisicamente maiores que os atletas que chegavam do Brasil. Um fato que acabou chamando a atenção de Marcello Tetel.

- Aquela era uma época onde os lutadores do Brasil, especialmente os de jiu-jítsu, não tinham a menor ideia de como cortar peso de verdade, pra chegar no peso como os americanos chegavam. O Murilo tinha lutado com o Yoji Anjo no UFC 25, e o Tito Ortiz lutou no mesmo evento, e ele tinha o dobro do tamanho do Murilo. Era impressionante a diferença de tamanho entre eles. O Chuck Liddell era uma vez e meia o tamanho dele! A gente ficou impressionado de ver e ele lutou muito bem. Mas eu ficava inconformado de ver o Murilo lutando com os caras com o dobro do tamanho dele.

Com Murilo aceitando a proposta para desafiar o campeão dos médios, o duelo foi marcado para o dia 11 de janeiro de 2002, no UFC 35. Consagrado no jiu-jítsu, o brasileiro surpreendeu o então campeão, Dave Menne, mostrou suas habilidades no boxe e acabou conquistando uma vitória por nocaute técnico no segundo round.

Veja os melhores momentos no link abaixo:

http://sportv.globo.com/combate/videos/v/ufc-35-murilo-bustamante-x-dave-menne/8227906/

Faixa-preta também formado por Carlson Gracie, Bebeo Duarte era, ao lado de Murilo e de Zé Mário Sperry, um do fundadores e líderes da recém criada equipe Brazilian Top Team, e acompanhou toda a saga de seu amigo para chegar à disputa. Se para os americanos o triunfo de Bustamante foi uma surpresa, para ele não foi.

- O Murilo naquela época era um dos melhores lutadores de jiu-jítsu no peso dele, tinha um boxe afiado e que sobrava entre os demais. E a gente sempre achava que tinha que provar isso lá fora. Ele era o representante certo na hora certa. O Murilo fez um treinamento perfeito, uma dieta certa, o treino fluiu, todo mundo trabalhando pra dar tudo certo. Foi o primeiro cinturão para a Brazilian Top Team. A gente precisava que desse certo. E o cara que lutou era o melhor que a gente tinha: juntava o chão perfeito e clássico, o jiu-jítsu mais puro que a gente poderia ter, e um boxe muito diferenciado para um lutador de jiu-jítsu.

- Na época do título eu estava muito bem – relembra Murilo - Eu estava com uma sequência muito boa no UFC e isso ajuda muito o lutador. Quando eu entrava no octógono estava tudo no automático. Foi uma fase muito boa, eu estava muito bem treinado, muito consciente, controlando muito bem os nervos para lutar. Foi uma fase que eu realmente estava voando.

Após vencer Menne, Murilo defendeu seu título com sucesso quatro meses depois contra o medalhista olímpico de wrestling Matt Lindland. Porém, após esta vitória, Bustamante nunca mais lutou no UFC.

- A minha saída foi para o Pride, que na época era o maior evento do mundo, e foi um erro das duas partes. Eu tive uma infecção no dedo que estava me atrapalhando a treinar, e eu estava muito inseguro para minha defesa de cinturão com o Matt Lindland, que era minha última luta no contrato. Eu tentei renovar o contrato antes, e eles não quiseram, então eu imaginei que eles achavam que eu ia perder e assim renovariam de uma forma melhor para eles. Só que eu venci e venci muito bem. Eles me fizeram uma boa proposta, mas eu decidi correr atrás no mercado. O Pride não fez uma proposta na época, porque acho que eles queriam ter um bom relacionamento com o UFC e não tirar seu campeão, então voltei a negociar com o UFC. Aí eles jogaram a proposta lá embaixo, pelo mesmo valor que fiz minha última luta, então não aceitei e segui meu caminho. Acabei assinando com o Pride posteriormente. Foi uma lição que o UFC tomou, pois depois disso nunca mais deixaram um campeão sem contrato. Mas não foi uma coisa planejada, eu gostaria de ter ficado no UFC, mas as condições que eles ofereceram não foram as melhores. Mas aconteceu, não me arrependo de nada.

Aos 35 anos, Murilo Bustamante coroava sua já vitoriosa carreira no jiu-jítsu com um inédito título no MMA. O primeiro cinturão de uma categoria conquistado por um brasileiro é guardado até hoje pelo faixa-preta.

- A conquista do cinturão pra mim foi um grande prêmio por tudo que eu já tinha feito no mundo das lutas. Eu já era um veterano, já tinha lutado um vale-tudo em 1991 no Brasil antes do UFC ser criado. Eu era um faixa-preta de jiu-jítsu que sempre esteve nos pódios. Fui da equipe do Carlson, onde tive ao meu lado o melhor treinador de jiu-jítsu e de vale-tudo do mundo. Então foi um prêmio ao trabalho que eu vinha fazendo. Na minha cabeça eu já merecia ser campeão e tinha condições de lutar de igual pra igual com todos os lutadores da época, inclusive os mais pesados. Foi natural para mim. Eu realmente estava esperando uma oportunidade, e ela apareceu e eu abracei. Foi um prêmio que guardo com carinho. Fiquei muito feliz e foi muito emocionante.

https://globoesporte.globo.com/combate/noticia/o-primeiro-cinturao-do-ufc-para-o-brasil-bustamante-relembra-conquista-que-completa-18-anos.ghtml

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Sem dúvida uma lenda do esporte. Tem bem menos reconhecimento do que merecia, ao meu ver. Uma pena que hoje em dia seja difícil achar algumas lutas dele. 

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Em 1/12/2020 at 4:19 AM, Raphael Rezende disse:

Lenda.

Fez lutas memoráveis, históricas, como contra Tom Erikson, Jerry Bohlander, Rampage Jackson, Hendo, e a já citada Chuck Lidell.

exato

lutava demais

tem seu nome marcado na história

pena que a memória coletiva é curta

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Em 1/12/2020 at 5:07 AM, Daniel Mendoza disse:

Sem dúvida uma lenda do esporte. Tem bem menos reconhecimento do que merecia, ao meu ver. Uma pena que hoje em dia seja difícil achar algumas lutas dele. 

com certeza cara merecia mais reconhecimento

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Em 1/12/2020 at 5:07 AM, Daniel Mendoza disse:

Sem dúvida uma lenda do esporte. Tem bem menos reconhecimento do que merecia, ao meu ver. Uma pena que hoje em dia seja difícil achar algumas lutas dele. 

--------------X---------------

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Mito. Um dos lutadores que mais roubado no MMA. Injustiçado demais. Teve que finalizar Lindland duas vezes. Foda

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Murilo Bustamante um dos maiores monstros de todos os tempos, só verem que o cara só pegou pedreira, tinha um ótimo boxe para época, chão finíssimo e coração de Leão, lenda...

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Em 1/13/2020 at 5:06 PM, JPHD disse:

Mito. Um dos lutadores que mais roubado no MMA. Injustiçado demais. Teve que finalizar Lindland duas vezes. Foda

Tirando sua luta contra o Matt Lindland (e talvez Busta Vs Hendo I), quantas outras lutas o brasileiro foi injustiçado?

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