Alexandre1973

"Eu apanhei de Júnior Cigano"

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'Eu apanhei de Júnior Cigano. Mas quero minha revanche'

Como seria encarar o campeão dos pesados do UFC? Um repórter de VEJA foi ao octógono para provar a experiência. E saiu com gosto de sangue na boca

Júnior Cigano tem 1,93 metro de altura, 108 quilos, 1,96 metro de envergadura e um cinturão de campeão dos pesos pesados do UFC. Mas é impossível imaginar a verdadeira força de seus golpes até que sua mão direita, que mede 23 centímetros e parece ser feita de pedra, acerta sua cara em cheio - ainda que de brincadeira, num treino leve, sem esforço algum. Enfrentar um astro do UFC parece uma missão impossível até para quem treina MMA como hobby (e, portanto, conhece as técnicas e táticas básicas desse esporte). Quem gosta, torce e pratica a modalidade costuma acompanhar as lutas fingindo que está no octógono, no lugar de seu campeão preferido - simulando se esquivar do rival, palpitando sobre qual deve ser o próximo golpe, antecipando um soco que nunca chega e até criticando a estratégia do ídolo. Nada disso prepara o lutador amador para o momento em que um campeão de verdade aparece na sua frente, em posição de combate, pronto para derrubá-lo com apenas um murro. Era apenas um treinamento, é claro: Cigano topou a experiência e recebeu o oponente mais fraco de sua carreira num octógono montado numa academia de São Paulo. Mediu seus golpes, tratou de preservar seu convidado e garantiu que o sparring terminasse a sessão inteiro e consciente. Mas não evitou que o desafiante daquela tarde saísse do octógono exaurido, meio zonzo e com um gosto amargo na boca, o mesmo sabor que todos os adversários de Cigano sentem ao final de um combate - o de sangue.

Mesmo nesse clima ameno, sem nenhuma sensação de competição, Cigano acaba sendo uma figura que intimida - ainda que seja engraçado e amigável quando não está lutando. Como qualquer grande campeão, ele está tão condicionado a superar o oponente que nunca consegue desligar totalmente sua vontade de vencer. Antes de entrar no octógono, por exemplo, Cigano já começa seu trabalho psicológico para intimidar o adversário. "Está colocando essa bandagem por quê? Vai me bater tão forte que vai quebrar a mão?", pergunta, com um sorriso irônico no rosto. Com as luvas bem apertadas e o protetor bucal colocado (para garantir que todos os dentes estariam intactos ao fim do desafio), fica combinado que o primeiro round seria apenas de combate em pé. O barulho da grade fechando e a sensação que não existe para onde correr acabam, quem diria, ajudando a controlar o nervosismo - que tinha surgido já na noite anterior. É comum ouvir atletas do UFC dizendo que, na véspera de uma luta, dormem cedo, pegam no sono rapidamente e nem pensam no compate do dia seguinte. Pode até ser verdade, mas é difícil acreditar nisso. É necessário ter um poder de concentração sobrehumano para relaxar sabendo que em poucas horas você estará trancafiado dentro de uma jaula, cara a cara com um sujeito que passou os últimos seis meses treinando inúmeras maneiras de espancá-lo. E é justamente esse pensamento que vem à cabeça na hora em que o octógono está fechado e o adversário dá os primeiros passos na sua direção.

Máquina de murros - Júnior Cigano é campeão da categoria na qual lutam os maiores e mais fortes atletas do UFC. Apesar dos quase 110 quilos, o campeão tem uma movimentação tão intensa e dinâmica dentro do octógono que mais parece um peso-médio. Cercando o adversário sem parar um instante sequer, faz lembrar o mais famoso bordão de um dos maiores pesos pesados da história, o lendário Muhammad Ali: "Flutua como uma borboleta, pica como uma abelha". Cigano é pupilo de Luiz Dorea, um dos melhores treinadores de boxe do Brasil. Graças aos ensinamentos do especialista, tem um jogo de pernas excepcional, com posicionamento perfeito no octógono. Enquanto controla a luta através de sua ótima mobilidade, permanece desferindo golpes quase ininterruptos, pela esquerda e pela direita, com socos no rosto ou na região do abdome. E se engana quem pensa que os murros mais perigosos são os cruzados, com a mão da guarda que está atrás. Cigano parece uma máquina de disparar jabs, os mais curtinhos, que vêm em sequência e fazem a vítima balançar. A rapidez das séries de jabs é tamanha que às vezes o sparring só percebe que está sendo golpeado quando o campeão acerta o terceiro soco. É de Cigano o recorde de maior frequência de golpes numa luta de UFC: uma média de 7,12 murros certeiros por minuto. "O jab é rápido, a função é mesmo incomodar o adversário", ensina. Além da velocidade, a potência e a técnica dos socos de Cigano também impressionam: mesmo em um treino descontraído, sem ritmo de luta de verdade, ele consegue acertar o alvo com facilidade espantosa. As tentativas de defesa parecem inúteis - ele castiga o nariz e a boca repetidamente, furando qualquer bloqueio.

Para complicar ainda mais a vida dos oponentes, Cigano tem outra característica notável. Um bom peso-pesado do UFC costuma conseguir uma combinação de três golpes sem perder a explosão muscular. Mas Júnior Cigano não é apenas bom. O técnico Dorea conta que ele é capaz de acertar até seis combinações ininterruptas sem perder a potência dos golpes. Do primeiro ao último murro, são todos violentíssimos. Com um adversário assim, quando o relógio marcava cinco minutos de luta em pé, a impressão era de que o calvário já durava meia hora. As manifestações do esgotamento físico - rosto ensopado de suor, reflexo lento para responder aos ataques e a dificuldade para pensar no próximo golpe - não impediram a disputa de um segundo round, apenas de combate no chão. E, para quem pensava que o quadro não poderia piorar, uma desagradável surpresa. É indescritível a sensação de ver Cigano crescendo em sua direção e jogando os ombros contra sua cintura para fazer a alavanca e derrubá-lo. Não adianta fazer força para tentar segurá-lo: com uma simples rasteira ele consegue a melhor posição para seguir dominando o combate. Ainda desnorteado, com uma chave de braço já encaixada e uma posição absolutamente vulnerável, a única solução é parar o combate, levantar e começar outra vez. O cansaço de apanhar é tão grande que uma estratégia aparentemente suicida - a de tentar derrubar o campeão para tentar se livrar dos golpes por pelo menos algum tempo - parece fazer sentido. É só olhar para a fisionomia de Cigano, sempre concentrado e com cara de poucos amigos, para desistir de qualquer ataque.

Trégua e alívio - Sem demonstrar cansaço, Júnior Cigano roda o octógono, em uma clara sinalização para deixar seu adversário descansar. Cerca de um minuto depois, sem paciência para esperar mais, o campeão trata de colocar o sparring no seu devido lugar. A queda é de costas. A sensação de tirar os dois pés do chão e perder o controle sobre seu corpo é angustiante. E fica difícil até mesmo entender os gritos das pessoas que estão fora do octógono. "O golpe está errado!", avisam ao novato. "Não faz isso com ele!", pedem ao campeão. Mas ele faz. Os dois ficam de pé mais uma vez. Cigano usa a grade para encurralar sua presa e a controla com o peso do corpo. E começa o martírio. Com uma mão, ele imobiliza a guarda do adversário; com a outra, brinca de acertar a cabeça da vítima. Depois de vários socos, decide investir no jiu-jitsu e encaixa várias posições, mas sem finalizar o oponente. Antes de começar o último round, Cigano avisa: "Sua boca está sangrando. Não quer parar?" Decide-se, então, que o último assalto teria uma trégua. O campeão desacelera o ritmo e se limita a se esquivar dos golpes - que, a essa altura, já não têm quase nenhuma força. Depois de quase 20 minutos de treino, fim de combate. Cigano não tem uma gota de suor. Respira sem ofegar e está pronto para seguir lutando. A primeira sensação depois do treino é de alívio. Em seguida vêm as dores espalhadas pelo corpo todo. Junto delas, porém, surgem na cabeça as impressões do contato com o campeão - sua incrível habilidade, sua rapidez na hora de acertar os golpes, seu notável poder de concentração, que faz um treino parecer uma luta pelo cinturão. E resta, além da surra, uma lição deixada por um grande campeão a um atleta de fim de semana: a vontade de treinar mais, de aprender, de melhorar - e de, quem sabe, voltar a desafiá-lo no futuro.

Fonte: Revista Veja

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Pelo título achei que era mais uma do Werdum :lol:

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Pelo título achei que era mais uma do Werdum :lol:

eu tbm, boa materia!!!

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"Eu apanhei de Júnior Cigano. Mas quero minha revanche"

Pelo título achei que era mais uma do Werdum :lol:

3!

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Deve ser algo realmente sinistro pra um amador encarar alguém como o Cigano. Esses caras realmente são muito diferenciados!!!!

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"Eu apanhei de Júnior Cigano. Mas quero minha revanche"

Pelo título achei que era mais uma do Werdum :lol:

Camiseta pro Werdun com essa frase,já!

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É.. complicado.

HAHAH

Ciganão bate forte.. mesmo devagar .. deve ser forte pra krl!!

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Eu lembro dessa materia do Mario Filho! Achei muito show!

O Mario parecia uma formiga ao lado do Cigano!

kkkkkk.

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Boa, muito boa mas eu tbm fui enganado p título rsrsrsr

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Que texto chato, fica enrolando muito com palavras para chegar ao assunto hauhauahhau

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titulo de filme de 5ª: "enganados por um título"

Camiseta pro Werdun com essa frase,já!

huauhahuauhauha!!

:P

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Muito boa a matéria.

Dá pra sentir a angustia do narrador, no decorrer dos rounds.

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