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Koral

José Aldo não soube jogar

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Como uma esposa esperta, o UFC faz McGregor achar que está no comando

O irlandês é útil enquanto divide com a companhia o ônus de ter atitudes impopulares. Quem não entende o mecanismo do jogo fica para trás, e José Aldo não soube jogar

Não importa quanto você ache que é injusto José Aldo não ter sua sonhada revanche contra Conor McGregor e até anuncie a aposentadoria enquanto o irlandês faz lutas e mais lutas que só servem para que ele aumente o seu nome e se firme como o maior vendedor de pacotes de pay-per-view da história do UFC. Também não importa se Aldo vai se aposentar ou se McGregor vai ou não ser campeão de duas ou três categorias diferentes. O que interessa, hoje, também não é só dinheiro. UFC e Conor McGregor estão de mãos dadas, e os dois se ajudam. Isso, sim, importa. E vou explicar o porquê.

Dana White e os antigos ou novos donos do UFC não são bobos. Não são ingênuos ou, muito menos, pressionáveis. Se os irmãos Fertitta eram donos de cassinos (no plural, cassinos mesmo), os novos donos do UFC são responsáveis pela WME-IMG, o braço do entretenimento de um conglomerado de empresas (Silver Lake, KKR Group, MSD Capital e MSD Partners) cujo valor estimado gira em torno de (respire fundo...) US$ 100 bilhões. Isso mesmo. Com todo os zeros possíveis. Para esse pessoal, que pagou US$ 4,2 bilhões ao comprar parte do UFC, dinheiro não é problema.

Posto isso, voltemos ao relacionamento UFC-Conor McGregor. O que, na sua opinião, é melhor: você ser visto como o total responsável por decisões impopulares esportivamente, ou dividir com alguém o peso das cobranças? Eu não pensaria duas vezes para decidir, e aparentemente Dana White também não pensou. Pensem comigo: Conor McGregor possui a melhor personalidade possível para promover lutas. É inteligente, folgado, rápido e muito bom lutador. Ele diz que vai fazer e faz. Além disso, é esperto. Sabe o seu valor e cobra caro para jogar o jogo. E, acima de tudo, não se importa em soar impopular. Ele entendeu as regras da empresa que o emprega e as segue à risca. Faz o que tem que ser feito, e é beneficiado por isso. Só para fazer uma comparação, José Aldo, que luta como poucos, promove mal seus eventos. Não dá valor a falar inglês bem, não desafia adversários de forma incisiva, é arredio com a imprensa e pouco sai do roteiro "humildade e respeito". Não evoluiu no ponto de vista da promoção, e acabou ficando para trás. Simples assim.

O UFC percebeu isso logo cedo, e no melhor espírito dos jogadores de pôquer (ou de boa parte das esposas do planeta), decidiu dar a cartada de mestre: fazer McGregor acreditar que ele manda no jogo, como aquele marido fanfarrão que diz que "quem manda aqui sou eu!", e no fim acaba indo ao cinema ver uma comédia romântica, ou dispensa aquela pelada da quinta-feira pra ir a uma festinha infantil. O irlandês pede o que quer, e o UFC atende. Subserviência? A meu ver, de forma alguma. Controle. A empresa praticamente não corre riscos com McGregor. Se ele faz uma "marquee fight" - aquelas lutas que aparecem em todos os letreiros em letras garrafais - o lucro é imenso. Se ele faz uma luta valendo cinturão, também. Percebem? O risco é todo de McGregor. Ele coloca o dele na reta no octógono. Se vence, o valor que embolsa é - por baixo - 50 vezes menor que o arrecadado pelo UFC. Se perde, o UFC paga bem menos, a torcida contra vibra por terem calado sua boca, mas ele embolsa uma grana preta do mesmo jeito.

Por que, então, Dana White e seus blue caps iriam peitar o irlandês, ou assumirem sozinhos a imagem de "ditadores de regras"? Para correr o risco de ver seu "golden boy" não se queimar nem um pouco com a opinião pública, sendo visto como apenas um "obedecedor de ordens", arriscar matar um de seus maiores atrativos, que é a arrogância teatral e, na primeira oportunidade que tivesse, arrumar um outro evento que pague sua multa rescisória? Isso sim seria um tiro no pé. Imaginem a cena: Na penúltima ou última luta do seu contrato, McGregor chega com Scott Coker no escritório de Dana White na sede do UFC para uma reunião e, sem dizer uma palavra, estala os dedos e o chefão do Bellator despeja no chão um baú de dinheiro. Multa paga, lutador liberado. Na mesma hora, Coker dispara um tweet dizendo o seguinte: "McGregor x Sonnen". Pesadelo maior para o careca mais famoso do MMA não há, acreditem.

Portanto, enquanto o UFC conseguir fazer McGregor achar que manda, ele fará isso. O irlandês continuará falando muito, peitando todo mundo, enchendo os bolsos e se sentindo cada vez mais confortável para desafiar rivais que elevem o seu nome, promovendo eventos que farão com que tanto ele quanto o UFC façam o máximo de dinheiro possível. E o UFC continua sendo visto como refém de um mimadinho que usa a sua força para ganhar o que quer, e não como o patrão déspota que impõe suas decisões. Não se enganem, o jogo é exatamente esse. UFC e McGregor se completam e se ajudam mutuamente. E quem não gostar que esperneie. Do outro lado da tela, McGregor e Dana White darão boas gargalhadas bebendo um bom vinho e contando cada vez mais verdinhas.

http://sportv.globo.com/site/combate/opiniao/noticia/2016/09/como-uma-esposa-esperta-o-ufc-faz-mcgregor-achar-que-esta-no-comando.html

Para mim uma análise perfeita.

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Quando o ego é afetado, o jogo deixa de existir.

Ninguém consegue manter a frieza e Aldo está certo. É um gigante do esporte, um dos melhores de todos os tempos e não deveria mesmo ter ficado calado.

Fazendo uma analogia ao futebol, é o mesmo que um time passar para a final e não ter a chance de jogá-la.

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