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Pavanelli fala sobre perda de peso e TRT

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Preparador físico de Rousimar Toquinho e dos Irmãos Nogueira, entre outros atletas de ponta de MMA, Claudio Pavanelli bateu um papo com o PVT sobre temas importantes que frequentam as principais rodas de bate-papo sobre o esporte, como perda de peso e TRT, além de contar como é o trabalho com Toquinho para sua defesa de título no WSOF.

Confira a seguir.

Como é o seu trabalho na BeOne?

A gente está há quase quatro anos trabalhando com vários atletas de praticamente todas as categorias de peso, nível nacional, internacional, alguns com cinturão. O trabalho de preparação física específica, porque eles precisam. O trabalho tem duas bases que eu me preocupo muito: a evolução da performance, lógico, o nível de condicionamento físico, deixar ele pronto para suportar esses três ou cinco rounds no mais alto nível. Que ele tenha a capacidade de colocar o jogo dele na hora que ele quiser, com a intensidade que ele quer. Outro pilar muito importante na preparação física que a gente se preocupa no trabalho diário é a prevenção. Eu preciso deixar esse atleta altamente capacitado, mas com uma probabilidade de lesão muito pequena, porque eles são exigidos com muita intensidade em todos os treinamentos. Movimentos muito amplos exigem muito das principais articulações e precisamos preservá-las. Deixar também a musculatura bem fortalecida para preservar as articulações. Cada atleta tem uma necessidade específica e a gente trabalha as individualidades de acordo com o planejamento, ou seja, as datas que eles têm de competição.

O Rousimar Toquinho vai defender seu título do WSOF em dezembro. Será a segunda luta dele na categoria até 77kg. Como é esse trabalho para ele descer de categoria, já que é um lutador muito forte?

O Toquinho, quando ele chegou aqui pela primeira vez, era um trabalho mais voltado para a perda de peso, porque ele nunca tinha batido 77 quilos. Quando ele chegou, ele estava com quase 100 quilos, estava com 99,8. Ele ainda não tinha luta marcada, estava aguardando e nós fizemos então o planejamento de um camp de três meses, como se tivesse uma luta. Num dia ele ia pesar e, no dia seguinte ia fazer um sparring. Isso foi feito, ele conseguiu bater o peso legal, com uma qualidade muito boa. O Toquinho bateu o peso, a gente fez sparring no dia seguinte, foi muito bem, foi bem satisfatório, então qual era o objetivo disso? Primeiro, dar condições para o atleta se sentir seguro em bater esse peso. Não adianta o atleta perder um peso muito absurdo na semana antes da luta, porque ele vai depender muito de performance física e o músculo é muito solicitado com isso. Na carreira desses atletas, a gente precisa preservar isso - não é para uma luta, mas para várias lutas. Ao meu ver, a preparação física voltada para o MMA hoje, eu não trabalho com lutadores, eu trabalho com atletas de alto rendimento de esportes de combate. Parece apenas uma diferença de nomenclatura, mas é uma forma completamente diferente de a gente ver, muito mais ampla, de ver o atleta. Eu venho de várias outras modalidades, estou há mais de 15 anos no futebol profissional, e o meu objetivo é trazer justamente essa experiência de outros esportes. Como é a estrutura, aqueles profissionais que estão por trás do técnico, daquele trabalho do dia a dia, podem dar condições para esses atletas evoluírem? Todo o acompanhamento de bastidores, meu trabalho não aparece. Qual é o meu objetivo? Dar condições para esse atleta suportar do primeiro segundo até o último segundo dos cinco rounds, ou dos três rounds, com a mesma intensidade. Que ele suporte isso em alto rendimento. Da forma que a gente vê, as valências físicas - força, resistência, potência, agilidade - todas elas equilibradas, porque se eu for um atleta extremamente forte contra um atleta que não é tão forte, mas tem uma resistência de força muito maior, o jogo dele vai ser de acordo com isso, então ele pode usar o condicionamento físico contra ou a favor. A gente precisa estar preparado para isso. Eu trabalho muito com a combinação de força isométrica com a força dinâmica, que é justamente a grande janela, a grande oportunidade que vejo nesses esportes - a combinação disso dá uma condição para esse atleta aproveitar algumas oportunidades que aparecem na luta.

Uma das grandes polêmicas deste ano foi em relação a perda de peso. Alguns atletas não conseguiram chegar ao peso estipulado, outros tiveram dificuldades, etc. Como é sua metodologia para esse caso?

Eu trabalho com números. A fisiologia, na verdade, é isso, usar os números a favor da eficácia na evolução da performance com segurança. Vamos fazer um cálculo rápido: um atleta de 100 quilos fora do camp, com 15% de gordura. Esse atleta, quando estiver na época de competição, vai estar por volta de 5% ou até menos. Então estamos falando de 10% do peso corporal que ele vai perder em forma de gordura. Esse atleta, na verdade, já começo a pensar ele não com 100, mas com 90 quilos, tirando esses 10% de gordura. Além disso, existem alguns valores que a gente sabe que se esse atleta perder 6% do peso corpóreo em forma de água, desidratando, é uma questão segura e rapidamente a gente recupera isso. Se eu transformar isso, já estou pensando em 16% desse atleta, que é um valor muito mais próximo da realidade. Eu trabalho muito com esses valores, dependendo da categoria, esses 6% e o percentual de gordura que eu preciso baixar. É uma relação muito mais matemática. Nessa última semana que ele tem para a luta, vou deixar esse atleta perder, no máximo, 6% do seu peso corpóreo, para aquela categoria.

E como é feita a reposição do período da pesagem até a luta?

Vai variar de cada categoria, em relação de peso e percentual de gordura. O que eu peço: alta qualidade na alimentação e que ela seja bastante fracionada, que a cada duas, três horas, esse atleta esteja se alimentando, se hidratando muito bem, para que ele esteja rapidamente pronto para esse desgaste que ele vai ter, que é a luta, um desgaste extremamente intenso e de uma duração de 15 minutos.

A outra grande polêmica do ano foi o fim do TRT. Como um atleta que fazia essa terapia poderá “sobreviver” sem ela?

Primeiro começou uma discussão muito grande se podia ou não podia e era autorizado, então, se ele usava, não tem problema nenhum. Agora, não está mais usando TRT? A grande questão vai ser qual é a qualidade, o quanto foi trabalhada essa musculatura e o quanto ela está pronta para a luta? A força vai ser demonstrada agora, pode ter perdido, talvez, em questão de volume, mas o volume não quer dizer tanto na questão da qualidade, da eficácia desse músculo que vai ser trabalhado e exigido. É uma questão para a gente pensar agora, como foi trabalhado e o que foi feito para que a qualidade dessa musculatura não seja perdida.

E o caso mais emblemático desta história é o do Vitor Belfort, que se apresentou muito bem com TRT. Como você acha que ele virá agora sem essa terapia?

Acho que vai ser muito legal para a gente ver e acabar desmistificando isso. Não é porque o atleta toma a substância A, B ou C, autorizada, e depois não pode mais tomar, que ele vai perder sua eficiência. A questão do volume, talvez, visualmente, pode ter mudança, mas a qualidade dessa musculatura e o quanto ela está eficaz para executar esse exercício - é isso que eu quero ver. A fisiologia do exercício é isso, como esse músculo vai usar do seu combustível para executar um movimento. É isso que vai ser muito interessante de ver. Eu tenho certeza que o acompanhamento que o Vitor tem hoje, e a maioria dos atletas de ponta hoje tem, são acompanhados por profissionais altamente qualificados. É isso que o MMA está precisando, ter um respaldo. Profissionais que estão por trás, ajudando no trabalho não só do atleta, mas dando ferramentas e subsídio para todo head coach, todos os treinadores de cada modalidade cada vez treinarem o mais intenso e com mais qualidade.

http://portaldovaletudo.com.br/br/noticias/item/1613-preparador-f%C3%ADsico-de-toquinho-e-dos-irm%C3%A3os-nogueira,-pavanelli-fala-sobre-perda-de-peso-e-atletas-sem-trt.html

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Deu uma aula, só não soube responder com clareza a questão do Belfort, talvez não tenha sido claro por que essa questão é nova.

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Deixou claro que há possibilidade de que a musculatura venha a perder volume e mesmo assim responder muito bem porque está acostumada a tais movimentos. Mas preferiu não afirmar. Logicamente porque a resposta do corpo varia de pessoa pra pessoa. Como é um problema novo quando se trata de MMA, esses profissionais precisam observar os casos pra depois desenvolver padrões de recuperação muscular dos caras com problemas de testosterona.

Editado por Shaun

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