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Opinião: chegou a hora do MMA deixar a "Terra do Nunca" e encarar o maior rival: o tempo

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Opinião: chegou a hora do MMA deixar a "Terra do Nunca" e encarar o maior rival: o tempo

Dificuldade em ver o que o relógio deixa claro faz com que astros como Anderson Silva, Rogério Minotouro e BJ Penn tenham um final da carreira melancólico

Por Marcelo Russio

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Campeão em duas categorias, BJ Penn, aos 40 anos, não vence há oito lutas — Foto: André Durão

Não é segredo para ninguém que o MMA é um meio no qual seus participantes personificam o personagem "Peter Pan", o eterno garoto que não envelhece jamais e vive no mundo mágico da Terra do Nunca. Em sua grande maioria, os lutadores mostram durante o decorrer da carreira uma dificuldade quase digna de análise psicológica de perceber o que o tempo deixa claro para eles a cada luta: que ele não para, e nem perdoa. Ícones do esporte, como Anderson Silva e BJ Penn, que têm seus lugares assegurados no Olimpo do MMA, lutam contra os relógios cronológico e biológico, e não percebem - ou não querem perceber - que, ao contrário do que o Rolling Stones pregam há 40 anos, o tempo não está mais ao seu lado. E que adversário é o tempo.

É compreensível que, tendo carreiras estelares, com títulos, fama e um legado indestrutível, atletas como Anderson e BJ tenham dificuldade em deixar os holofotes e o octógono. A adrenalina é um combustível insubstituível para qualquer lutador de ponta. E, além dele, o instinto de competir e sempre achar que na próxima luta as coisas vão ser diferentes. Em entrevista ao Combate.com no Rio de Janeiro, BJ Penn foi de uma sinceridade raríssima. Disse, com todas as letras, o que muitos atletas jamais admitem: que lutadores têm memória curta. Para eles, o que passou é rapidamente esquecido. Só se pensa na próxima luta. E, para os grandes campeões, a ideia é simples: "Vou vencer a próxima, emendar uma sequência de vitórias e com certeza disputarei o cinturão. E serei campeão novamente." Tão simples quanto triste de se ler.

O problema é que a utopia da juventude eterna e da busca pelo sucesso de outrora marcam, e muito, a imagem do próprio atleta. Vejam o exemplo de Penn. Um lutador histórico, com conquistas inquestionáveis - foi o primeiro atleta a ser campeão de duas categorias do UFC, primeiro americano a ser campeão mundial de jiu-jítsu na faixa preta e dono de um estilo de luta que o fez arrebanhar milhões de fãs pelo mundo - deixa o UFC Rio 10 ao 40 anos ostentando um cartel de 16 vitórias e... 14 derrotas. Penn não vence uma luta desde 2010 - há exatos nove anos. Seu último triunfo aconteceu no longínquo UFC 123, contra o já aposentado Matt Hughes. De lá para cá, foram oito lutas. Um empate e sete derrotas seguidas. Qual a razão de continuar? Para que? E por que o manterem sob contrato? Nenhuma dessas respostas é respondida.

Anderson Silva é outro exemplo. Tido por muitos como o maior de todos os tempos, ídolo dos ídolos, o brasileiro já conquistou tudo. Fama, dinheiro, prestígio e detém vários recordes do UFC - e é muito bem pago para lutar. Seu cartel, no entanto, começa a seguir o mesmo caminho do de Penn. Aos 44 anos de idade, o "Spider" fez oito lutas desde 2013. Nesse período acumulou seis derrotas, uma luta sem resultado e uma vitória polêmica. Seu retrospecto agora é de 34 vitórias e dez derrotas. Antes, era de 34-4. Também em entrevista ao Combate.com no Rio de Janeiro, Anderson disse que sublimou os significados de "derrota" e "vitória", e que luta por amor. Compreensível, mas não justificável. Um atleta vive da sua imagem, dos seus feitos. Quando se aposenta, sua história é o seu maior patrimônio. Deixar uma sequência de derrotas como suas últimas impressões esportivas faz da carreira de um lutador algo, como dito acima, melancólico.

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Anderson Silva, aos 44 anos, perdeu para Jared Cannonier no primeiro round no UFC 237 — Foto: André Durão

Rogério Minotouro é o terceiro exemplo desta análise. Lutador com uma carreira sólida nos anos 2000, ídolo no Japão e dono de vitórias maiúsculas sobre alguns dos maiores nomes do esporte em todos os tempos, como Alistair Overeem, Kazushi Sakuraba, Dan Henderson e Tito Ortiz, sofreu por ter estado à sombra do seu irmão gêmeo, Rodrigo Minotauro, e também por jamais ter sido campeão de um evento de peso mundial. Aos 42 anos, já é de praxe em suas entrevistas responder às perguntas sobre o porquê de não se aposentar. No UFC desde 2009, fez 12 lutas - venceu seis e perdeu seis. Nunca engatou uma sequência de mais de duas vitórias seguidas no evento. E sempre, ao ser perguntado, responde que ainda se sente em condições de render em alto nível. Por que Minotouro tem essa impressão? Diante do novato Ryan Spann, no Rio, sofreu um nocaute no primeiro round. Não há dúvidas de que Minotouro foi um grande atleta, mas o tempo, sempre ele, já fez o seu decreto.

Analisando o UFC Rio 10, fica claro que está acontecendo forçosamente uma troca da guarda no MMA. Nomes gigantescos como Anderson Silva, BJ Penn e Rogério Minotouro, e outros não tão grandes como Thiago Pitbull, mas que tem uma carreira longa no esporte, estão sendo forçados a ver o que seus olhos não enxergam, ou que seus amigos e parceiros de academia maquiam com os elogios oportunistas: a hora chegou. Parar não é mais uma opção. É a decisão certa a tomar. A nova geração brasileira, com Jéssica Bate-Estaca capitaneando o evento, e também Marlon Moraes, Amanda Nunes, Thiago Marreta e tantos outros podem receber o bastão e está provado que conseguem dar conta do recado.

Para não dizer que não falamos de José Aldo: o ex-campeão dos pesos-penas do UFC é um caso bem diferente. Com a carreira planejada desde o começo, ele sempre disse que gostaria de parar com idade para ir atrás de outros objetivos. Seja tomando conta de seus empreendimentos, seja lutando boxe ou jiu-jítsu, Aldo não parece ter apego algum ao estrelato do MMA. Com 32 anos de idade e vindo de duas vitórias marcantes, foi derrotado por Alexander Volkanovski mostrando uma certa apatia, mas não se encaixa na melancolia de fim de carreira. Aldo é um gênio, que passou por maus períodos como qualquer atleta, mas está longe de ser atraído pelo canto da sereia da glória eterna que está a uma luta de acontecer.

O MMA é cruel. É uma autêntica máquina de moer vidas. A dedicação deve ser total, as recompensas nem sempre fazem valer o sacrifício, e a saúde física e mental é posta à prova a cada ciclo de preparação para as lutas. É natural que quem está nesse esporte, esteja por gostar e por ver nele a sua maior chance de sucesso. Mas, tão importante quanto essa visão, é que os atletas percebam que a vida útil é curta, o preço a se pagar pelo sucesso é alto e que o momento de pendurar as luvas é, provavelmente, o mais valioso de todos. Talvez tenha chegado a hora do MMA deixar a Terra do Nunca. Só assim os nossos grandes ídolos poderão ter a certeza de que viverão para sempre.

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Se a usada continuar apertando assim, lutar depois dos 35 vai ficar impraticável pra maioria. Eu vejo esses caras muito apegados a UFC. Dá pra essa galera mais velha e consagrada ir pro Japão se entupir de bomba e ainda fazer um dinheirinho sem essa sofrência toda, não?

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O que deve entender não é só questão de síndrome de Peter Pan ou saber parar. O problema maior é outro: essa é a vida dele.  Não é fácil aposentar simplesmente por que esses caras não sabem, pelo menos inicialmente, fazer outra coisa. É difícil para uma pessoa que ganha dinheiro "fácil" fazendo algo que ele faz ou fez bem, parar. O cara deixa uma vida inteira de lado para um belo dia acordar e procurar um trabalho normal sem ter bagagem alguma. É claro que  para muitos deles é melhor mandar seu legado para o lixo, e prolongar a coisa, mas continuar se arriscando do que ter que encarar essa nova vida. Dificilmente um grande lutador não volta atrás pelo menos uma vez da sua aposentadoria.

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AS, Shogum, BJ.. ganhando oq ganha, eu tb não parava

 

fazia igual ao Bob Sapp, levava um murro e caia durinho

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com o passar do tempo o lutador fica mais lento, vai perdendo os reflexos, fica mais na defensiva, espera o outro bater pra poder contraatacar, perde o sangue no zóio. O caso do Anderson, ele poderia até continuar lutando, se não tivesse o joelho problemático. Agora todos sabem o caminho pra abater o Anderson, então, não vejo como ele pode continuar lutando. Salvo se implantar ferro na perna e no joelho. Mas, o lutador sabe quando parar, lute até quando quiser. Apenas a gente emite opinião no sentido de competição. Se o lutador está no nível de competir para ser campeão, então ele deve continuar independentemente da idade.

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Os caras já foram campeões ganharam muito dinheiro, tirando o Aldo que é relativamente novo, o resto dos caras(Minotouro,spider, BJ, Shogum, Rampage) deviam se aposentar por causa da idade e lesões. ficar apanhando ou saindo machucados na luta é foda. Outro que espero que pare é o Fedor. Dinheiro os caras fizeram muito não é possível que não estão bem de vida

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4 horas atrás, Cesar_Rasec disse:

Ganhando 600 mil dólares pra lutar, igual o Anderson ganha, como que faz pra parar? 

É um “prêmio de loteria” pra cada vez que sobe no octógono. 

Se eu tivesse no lugar dele, também iria levando até encerrar o contrato. 

Pra chegar lesado na velhice?? Vejo muita vantagem não.  No caso do Anderson, menos mal, pois quase n levou  burduada,  mas o Minoto por exemplo...sem comentários. Botar o cara pra lutar com .negão daquele, é brincadeira ne??

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14 horas atrás, pipo disse:

AS, Shogum, BJ.. ganhando oq ganha, eu tb não parava

 

fazia igual ao Bob Sapp, levava um murro e caia durinho

Boa, pipo. E ele não parece ter sequelas, não sei. Mas ele soube quando parar, até porque, com quem ele faria frente? Hoost de novo?

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