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rivvithead

MEMÓRIAS DE NICK NUTTER

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2 minutos atrás, jaspion89 disse:

Bela citação! O pequeno príncipe é um clássico da literatura.

Um dos grandes. Tanta sabedoria ali. Uma obra linda. Outro livro que trata do universo infantil/adolescente mas que trás lições para qualquer fase da vida é "O apanhador no campo de centeio" de Salinger. Desculpem desvirtuar o topico, mas, falou em livro, eu viajo!!

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2 horas atrás, Henry Chinasky disse:

Um dos grandes. Tanta sabedoria ali. Uma obra linda. Outro livro que trata do universo infantil/adolescente mas que trás lições para qualquer fase da vida é "O apanhador no campo de centeio" de Salinger. Desculpem desvirtuar o topico, mas, falou em livro, eu viajo!!

Vc gosta de ler assim é!!

Interessante apesar da minha formação, não gosto de ler

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3 horas atrás, NEGO DÁGUA disse:

Vc gosta de ler assim é!!

Interessante apesar da minha formação, não gosto de ler

Porra, man, uma das coisas que mais gosto na vida. 

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@Henry Chinasky @masterblaster @jaspion89 

 


Parte 2:

Então foi isso, dei um grande abraço em Coleman, e ele me mandou por minha própria conta…

Uma pausa na história para meus pensamentos antes de continuar

O único sensei bom era Daryl Steliff, na minha opinião!

Eu cresci sempre querendo ser um ninja, e vi todos os filmes possíveis. Também ouvi histórias sobre o professor de karate que pode matar as pessoas com um toque apenas. Toda cidade na América tem um “cara do karate”, que de algum modo intimida todo mundo por que eles contam sobre as coisas sangrentas que eles podem fazer. Então eles dizem “Sensei ‘insira um nome qualquer aqui’ Instrutor de karate dos EUA é registrado como uma arma letal”. Olhava para esses professores que todos falavam, e eles eram geralmente velhos e gordos. Eu pensava que eles deveriam ter alguma Eu pensei que eles deveriam ter algum segredo que o mundo não sabe, sobre ser casca grossa. Neste momento eu jpa havia assistido todos os UFC’a (estavamos no UFC 11 nessa época), e eu nunca havia visto estes chamados “senseis da morte”lutando no UFC. Todos os que se diziam do karate eram rápidamente vencidos. Se algém que conhece o MMA, deve se lembrar da primeira luta do UFC1, (Teila Tuli “Sumo” vs “Gerard Gordeau “Kickboxer Holandês”) E o que vimos, eu me lembro de estar sentado com meus colegas de quarto Mark Coleman, Matt Dalgliesh, Cory Tamasso e meu irmão Neal (que lutou wrestling pela Universidade Estadual de Cleveland, e se aposentou invicto do octogono). Pagamos o PPV e pegamos umas cervejas, sem saber o que esperar. Então anunciavam os lutadores e diziam as regras, que eram basicamente sem morder, sem dedo no olho e sem fishhooking). Acho que nem os locutores sabiam o que esperar, então Big John McCarthy* disse sua frase “lets get it on” (Nota*, Big John não era o árbitro dessa luta, Nick Nutter errou nessa), e 26 segundos depois todos que assistiam estavam mudos... o kickboxer nocauteou o cara do sumo, encerrando com um chute na cara, mandando o dente dele para o outro lado da arena. Meu apartamento e todos que estavam lá, estavam em choque, ninguém esperava ver isso… Basicamente testemunhamos um nocaute brutal e não apenas vimos uma pessoa fazer isso sem se meter em problemas… ele era pago pra isso! Vimos estilos como kung fu, sumo, boxe, kickboxing irem para jaula, e tinha esse cara pequeno chamado Royce Gracie que ia para a jaula representando o Jiu Jitsu. Eu não sabia nada de jiu jitsu e vi ele com um kimono e pensei que ele era algum cara do karate, com socos e chutes. Ao invés disso, ele foi para a jaula como uma sucuri. Ele basicamente, lentamente e metódicamente levava todos para o chão e vagarosamente estrangulava-os, ou dobrava seus braços e pernas. De todas os estilos apresentados, Jiu Jirsu era o valentão do pedaço. Todos essas merdas de “karate” que viamos na tv estava exposta, e aprendemos que os praticantes de grappling eram os reis.

Pelos próximos 8 UFCs, o Jiu Jitsu dominou a todos, basicamente dizendo que “essa era a melhor arte marcial”… Não tão rápidos meus amigos, UFC 10 chegou e a maré virou. Mark ‘The Hammer’ Coleman entrou no ringue representando o freestyle wrestling. A maioria dos caras do jiu-jitsu tinha uma grande técnica refinada, mas eles não eram atletas de nível mundial. Estes wrestlers que estavam competindo desde os tempos bíblicos (referência a Jacó lutando com Deus, ou todos aqueles hieróglifos em desenhos de cavernas) entraram em cena. Agora, não me leve a mal, eu odeio dizer isso, mas de todos os estilos que existem, eu acho que o Jiu Jitsu é o mais importante saber, para entrar na jaula. O wrestlers gastaram a vida toda deles tendo seus traseiros chutados, tendo seus narizes quebrados, tendo a orelha de couve-flor e com corpos doloridos não por fama e fortuna, mas sim para representar seus países nas olímpiadas. Estes caras eram atletas de nível mundial e finalmente acharam um jeito de fazer dinheiro fazendo o que fazem! Basicamente qualquer wrestler poderia derrubar facilmente qualquer idiota do “karate”, qualquer kickboxer, e começar a bater até que o árbito parasse a luta. Os caras do jiu jitso achavam que iriam pegar um wrestler em uma finalização, mas a maior parte dos wrestlers eram muito maiores, fortes e famintos para que os lutadores de Jiu Jitsu pudessem lidar com eles. A partir do UFC 10, a maioria dos campeões do UFC eram wrestlers, e agora, assim como ocorreu com o jiu jitsu, era o wrestling que estava exposto.

Então, os Kickboxers que estavam cansados de serem derrotados, começaram a estudar wrestling. Não muito para derrubar um wrestler, mas sim para evitar as quedas. Então, a maré começou a virar novamente com os pioneiros dessa filosofia (Maurice Smith e Chuck Lidell me vem a mente). Os wrestlers se estagnaram nessa filosofia de derrubar, bater e detonar seus oponentes no gorund n pound.

Kickboxers, que haviam aprendido a não serem derrubados, começaram a evita-las, e quando isso ocorria, era como ver um peixe for a da água.

Os kickboxers iam, destruiam a todos com seus golpes, e eventualmente nocauteavam com sua capacidade de golpear. Então os kickboxers eram os valentões agora. Finalmente o MMA surgiu, e essas pessoas basicamente disseram “eu não tenho orgulho na minha arte/disciplina, vou pegar um pouco de todas as artes e formar meu estilo de luta”. Eram todos pau para toda a obra, mas não eram nescessariamente mestres em nenhuma delas.

Estudavam as artes e pegavam o que funcionava de cada uma, e jogavam no lixo o que não funcionava. O alutador de MMA eram bons em todas as situações (de pé, derrubando, finalizando, etc..). Dominaram o esporte e ainda o fazem até hoje! Se eu continuasse meus pensamentos da evolução do MMA, o que viria a seguir? Os caras espertos do mma humildemente pegaram treinadores e nutricionistas pessoais (Sean Sherk me vem a mente). Eles sabiam que seus oponentes sabiam tanto quanto eles sabiam, então virou sobre quem é o mais forte. Eles usaram treinamentos e nutrição para desenvolver um corpo melhor e um uso mais eficiente dele para vencer. No momento que escrevo isso (22/11/2015), acredito que o próximo passo é o lutador de MMA que treina tudo, de maneira intensa e eficiente, utiliza várias artes marciais, e usa hormonios para maximizar suas habilidades físsicas (testosterona e HGH).  Muito destas substancias darão musculos ao corpo que Deus não pretendia que aquela pessoa carregasse, e muito pouco destas substancias, vai significar que são muito fracos para competir em pé de igualdade.

Eu sei que no MMA agora são todos atletas profissionais ganhando dinheiro com seu corpo. Trabalham junto com endocrinologistas para ter certeza que seus hormonios estarão no mais elevado nível, sem ultrapassar a linha do dopping, mas o que vem a seguir? Engenharia genética com células tronco, para irem além dos hormonios? Este capitulo do esporte está por vir, desculpe por sair um pouco da minha história, mas queria dar meus dois centavos sobre a evolução do esporte. Voltando a história principal, eu estava falando sobre esse “Super Sensei” que eu ouvi sobre, mas nunca havia visto. Eu presumo que seria muita sorte ser o primeiro cara do vale tudo a lutar com um desses caras que poderiam me matar com um toque mortal. Isso estava passando pela minha cabeça quando eu deixei Coleman. Voei para Port Columbus e a primeira parada era LaGuardia, em Nova Iorque. Peguei o avião para conhecer o promotor do evento, Frederico Lapenda. Apertei sua mão e tentei fazer uma boa primeira impressão, mas segundos depois tive que sair correndo para o banheiro, para vomitar. Ele me apresentou para meus comparsas americanos no vôo, Zane, Frazier e Joe “O homem do Gueto” Charles. Ali estavam dois caras que eu assisti no PPV, lutando no octogono.   Eu estava assustado, mas percebi que eles também estavam intimidados comigo, pois eu era “o fenomeno que estava representando a Hammerhouse de Mark Coleman”. Eles eram caras muito legais, e tivemos uma boa conversa, com Joe me falando sobre Krav Maga (o estilo de luta dos soldados israelenses). Depois dessa conversa, eu estava mais assustado do que educado. Nós embarcamos, e Joe “docemente” perguntou o caminho para a primeira classe. Ele usou a carteirada de “eu sou um atleta profissional, preciso descansar para a grande luta que terei”, Como eu não estava em seu nível, humildemente sentei no meu acentocom os outros reles mortais. O vôo foi horrivel, eu sentei na janela da asa, e tinha um grande desnível no chão, como uma lombada, que garantiria que eu não poderia dormir ou me esticar. Eu percebi que os americanos eram muito limpos e se orgulhavam de sua higiene e por cheirar bem.  Eu não estou querendo me pagar de fodão, mas todos cheiravam a suvaco, menos os americanos.

Eu não estava conseguindo dormir, e vomitei 2 vezes no voo por causa da minha ressaca e por causa desse cheiro. No meio do voo, decidi ir para a primeira classe para ver como os ricos vivem suas vidas.

Vi Zane e Joe dormindo calmamente com os ossos de seus bifes nos seus pratos, eles estavam, basicamente, tendo seus pés massageados por duas belas aeromoças bem gostosas.

Voltei para meu acento para a parte final da viagem. Graças a Deus eu finalmente ouvi “estamos começando nossa aterrisagem para o aeroporto de Tel Avive”.

Finalmente descemos em Tel-Avive lá pelas 16:00. Desembarcamos do avião e começamos a andar para a segurança. Posso definitivamente dizer que não estávamos mais nos EUA. Eles tinham o que parecia ser, meninos de 14 anos por todo aeroporto com metralhadoras... sim, eu disse metralhadoras. Eles não tinham glocks nas suas cinturas, e sim metralhadoras, preparados para atirar.

Passamos pela segurança, e tinha uma van nos esperando. Embarcamos na van e vimos o que seriam nossos adversários. Tinha provavelmente de 6 ou 8 caras grandes sentados lá. Você podia perceber que eles já tinham saído na mão antes. Todos eles tinham o nariz quebrado e torto, e muitos tinham a orelha couve-flor.

Vim a descobrir que todos eles eram da Russia. Estavamos indo para o hotel e eu estava louco para ir para a cama e dormir, mas o tradutor disse: “Nós não temos muito tempo, quando chegarmos no hotel, deixem suas coisas no quarto e volte ao lobby do hotel em 15 minutos”. Mas que porra, a luta é hoje? Eu pensei que teriamos um dia para relaxar. Mas não, nós estaríamos lutando em algumas horas. O motorista pisava fundo no acelerador, e no freio. Minha ressaca, combinada com o movimento do carro, me forçaram a pedir para o motorista encostar. Ele estava relutante, mas encostou e eu rapidamente sai da van para vomitar de novo. Pude ver pelo canto do meu olho os russos apontando e rindo de mim. Ouvi eles dizendo “IJUNHOIUHJ POKJPOKJ POKJPOJKPOK POKJPOIK”, que, traduzido para mim, era “eu espero lutar contra esse cara na primeira luta”.

Recapitulando, a caminho do hotel, o motorista e o promotor disseram que tínhamos que voltar em 15 minutos dos nossos quartos. Basicamente aterrissamos as 16, passamos pela segurança, chegaríamos no hotel as 18 e a luta era as 19. Olhando agora, essa foi a melhor coisa para mim. Não tive tempo para ficar nervoso. De assistir aquele primeiro UFC e ver o cara do sumo tendo seu dente arrancado… eu estava com muito medo de fazer isso. a UNICA COISA que me motivou a lutar era impressionar Amy.

Eu vou escrever outra estória do por que eu me acho bem-sucedido (muito disso é de inseguranças da infância e adolescência), mas a pior coisa que você pode me dizer é que eu não posso fazer isso. Se você me disser “você não pode se suicidar”, eu faria isso só por que você disse que eu não posso. Ok, talvez eu tenha sido um pouco extremo, mas você vai entender se eu explicar. No hotel, corri para cima e deixei minha mala, peguei apenas meus shorts, sapatos, corda de pular e uma jaqueta de aquecimento dos EUA. Corri para baixo e vomitei de novo. O motorista me disse que eu parecia doente, e me deu uma dica. Ele me recomendou que eu pulasse no mar. Eu disse “…que?” e ele disse que a água iria me restaurar. Que seja, eu estava com medo e perto de bater para a finalização ressaca, isso provavelmente me fez a primeira e ultima pessoa a fazer isso. Eu corri para fora do hotel e ouvi as ondas quebrando. Estava escuro, então apenas corri e dei de encontro com a água. Posso dizer honestamente que esse foi o nado mais refrescante que eu já fiz. Eu entrei no mar só com meus shorts e sai rapidamente. Era a cura perfeita. Fui de 0 a 100 em menos de um minuto. Corri de volta para o hotel pingando e molhado, e todos olharam como se eu estivesse louco. Vesti meus sapatos e minha blusa e sentei com meu traseiro molhado e salgado na van para ir para a arena. Ficamos em uma cidade chamada Netanya, mas a luta era na arena nacional de Basquete. Era um grande prédio e, apesar de a luta ter sido cancelada, e depois ter voltado, em menos de 24 horas, estava bem cheio. Tive flashs da infância quando eu ia ao cedar point (procura no google, é conhecido como o melhor parque de diversões). Na infância, eu lutei contra uma doença chamada “chub rub”. Basicamente nos meses de verão, suas coxas se esfregam causando um atrito que incomoda muito. Para meu desgosto, aprendi que shorts molhados aumentam esse problema em 10 vezes, e água salgada aumenta em 100 vezes.

Quando atingido por essa terrível doença, voce acaba andando como um cowboy. A única coisa que podia me ajudar, era vaselina que minha mãe me dava para passar, para me ajudar a lubrificar (a propósito, Mãe eu te amo).

A caminho do campeonato, comecei a achar que a ideia de nadar foi uma má ideia. O quão vergonhoso seria se machucar e sair fora do torneio, por causa da “chub hub”?   Por sorte, a doença não se desenvolveu tanto naquela noite. Eu tinha um peixe maior para fritar! De volta à quando lutar era diferente. Eu estava indo para um torneio de 8 lutadores. Hoje, lutadores de elite lutam no máximo de 3 a 4 vezes ao ano. Passam meses treinando e estudando um oponente em particular em lutas com limite de tempo. Nós tinhamos que entrar em torneio de 8 lutadores, e lutar 3x em uma noite.

Lutavamos sem regras, não tinham rounds, você lutava até que a luta acabasse via bater, estralar ou dormir.

Não tinham juízes e nem pontuação. O esporte mudou muito ao longo dos anos, e eu acho que a maioria ds mudanças foi para melhor.

De volta para a estória, eu cheguei na arena e comecei a me alongar. Conforme eu me alongava, ouvi o locutor dizer “Nick Nutter”.

Eu falei “mas que merda”, fui empurrado do vestiário para a arena. Eu era a primeira luta da noite, e estava na hora!

Coleman.... Cadê você? Aí vamos nós!
 

 

Parte 3 (final) as lutas 

 

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@rivvithead, muito obrigado mesmo pela paciência e gentileza de se prestar a traduzir para nós e trazer esse fantástico material. Ótima história, e o Nutrer é muito engraçado. Cara, que bacana! Ansioso pela conclusão. Bacana demais o ponto de vista dele da evolução do esporte através das modalidades,

Forte abraço!

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47 minutos atrás, masterblaster disse:

@rivvithead, muito obrigado mesmo pela paciência e gentileza de se prestar a traduzir para nós e trazer esse fantástico material. Ótima história, e o Nutrer é muito engraçado. Cara, que bacana! Ansioso pela conclusão. Bacana demais o ponto de vista dele da evolução do esporte através das modalidades,

Forte abraço!

Comecei a traduzir para treinar o inglês mesmo, a parte 3 é menor, então vai sair mais rápido!

Muito obrigado!

Editado por rivvithead

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9 horas atrás, rivvithead disse:

Comecei a traduzir para treinar o inglês mesmo, a parte 3 é menor, então vai sair mais rápido!

Muito obrigado!

Já li tudo, muito irada a história. O mais irado é que lembro desses eventos, quando aconteceram, e talz...to velho mesmo. 

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@Henry Chinasky @jaspion89 @Daniel Mendoza @NEGO DÁGUA @masterblaster @Leo_RO 

o @Valderazzi eu sei que já leu.

Desculpem algum erro de digitação, e procurei adaptar da melhor forma que pude rs.

 

Parte 3 - Final:

Então fui empurrado para for a do vestiário, e entrei no ginásio. Eu esperava uma grande receptividade por parte da platéia… “Mas que droga, eu sou americano… todo mundo não ama a gente?”. Das minhas viagens ao redor do mundo, eu aprendi que a maioria das pessoas acham que nós (americanos) somos um pouco desagradáveis. Eles me diziam que “nós” pensamos que “eles” (os estrangeiros) são invejosos, e que todos eles queriam ser americanos. Eles disseram que esse não era o caso. Eles também tem patriotismo pelos países deles, e eles tiveram lavagem cerebral para pensar que eles estavam no melhor país do mundo também. Óbvio que toda história tem sua exceção, e essa não é uma história politica.

Então voltando a ela, eu não tive aquela vibração que Hulk Hogan tem quando entra na arena. Foi uma pequena decepção… mas bem, eu não sabia quem seria meu oponente, poderia ser um homem pesado e alto, mas para a minha sorte, não era. Eu espiei para o outro lado do octogono, e vi meu magro e enxuto oponente russo. Maxim Tarasov. Aqui está o link para a sua carreira profissional (se eu tivesse lido isso antes da luta, eu teria ficado com medo).http://www.sherdog.com/fighter/Maxim-Tarasov-1935#!

Caso você não queira ver o link, ele terminou sua carreira com um cartel de 15-4, e teve seu próprio show de mma na Russia.

Então eu entrei na jaula, e vi ele com seu desagradável e sujo shorts russo, e suas sapatilhas de wrestler russas horríveis. Meu palpite era que ele era um wrestler por causa de suas sapatilhas. Como eu mencionei anteriormente, lutar antigamente, não é como se faz hoje em dia. Voltando quando tinhamos estes torneios de 8 homens, logo, para vencer você precisava ganhar 3 lutas em uma noite. Pode não parecer muita coisa, mas valia tudo, inclusive cabeçadas, que eram permitidas e encorajadas. Para ser sincero, antes dessa luta eu nunca havia acertado alguém na cabeça. Me recordo de achar que acertar a cabeça de alguém, era como se eu estivesse socando madeira. É muito duro. Hoje em dia, você sabe TUDO sobre seu oponente, e tem de 3 a 4 meses para treinar para essa pessoa e explorar suas fraquezas… Naquela época, você aprendia na marra qual era a arte daquela pessoa, depois que você começava a luta.

Não me lembro muito das apresentações dos lutadores naquela noite, mas me lembro perfeitamente de quando a porta da jaula se fechou… Vish.

Eu não entendi o que o árbitro russo disse, mas eu assumi que ele queria dizer LUTEM!. Eu estranhamente cruzei a jaula com as mãos bem levantadas, para ter certeza que eu não seria nocauteado em 12 segundos (apenas babacas são nocauteados tão rapidamente*). Eu circulei um pouco e então, estava pronto para soltar um poderoso double leg do inferno! Eu reuni a força e pensei que o tempo era perfeito, soltei meu melhor golpe nas pernas dele e… eu fiquei no vacuo. Mas que merda, eu errei ele totalmente… era embaraçoso.

*Nick Nutter em sua última luta perdeu em 12 segundos.

Minha adrenalina estava no alto, e eu percebi que o cara estava confortável, de pé, e querendo trocar socos (eu descobri depois que ele tinha um background de kickboxing, judo e sambo). Sem pensar eu instintivamente mergulhei de novo e desta vez eu agarrei suas pernas e coloquei ele no chão. Dei um suspiro de alivio, e arrastei ele para perto da grade, aonde estava meu treinador (Frederico Lapenda). Eu me acalmei sabendo que estava em minha “zona de conforto”. Então eu iniciei a única forma de submissão que eu sabia, que era o ground n pound de Mark Coleman. Para colocar em termos técnicos, é dar socos e cabeçadas em seu oponente até ele bater, ou até o árbitro piedosamente parar a luta. Pensei que ia ser moleza, as o cara estava revidando! Eu estava na montada, mas ele também estava lá soltando seus socos e golpes na minha cara. E eles também machucavam, mas eu tinha certeza que os meus machucavam mais… e também eu vi o estrago na cara dele, então continuei a estratégia. Ele ainda tentou depois algumas finalizações (triangulo e chave de braço), mas eu consegui evitar elas. Ele bateu depois de 5 minutos e, naquele momento, eu ganhei alguma confiança. Eu levantei com o peito erguido! Spo queria provar para Amy que eu era bom o bastante para lutar em uma jaula, e eu fiz isso! Para mim, eu já havia vencido. Pensei que não era tão ruim assim, e decidi continuar.

Felizmente era a primeira luta da noite, então fui para o vestiário e assisti outras 3 lutas. Obviamente torcia para meus amigos dos EUA (Zane e Joe). Joe ganhou, em uma luta demorada, de um wrestler russo, e Zane perdeu para um russo via finalização (eu acho). A luta final da chave era um cara chamado Igor Vovchanchyn, da Ucrânia, que venceu seu adversário sem maiores dificuldades. Então o round dois do torneio seria Nutter, dos EUA, vs Charles, dos EUA, e do outro lado da chave estava o russo Atvyetsin vs Igor Vovchanchyn. Então obviamente que a final seria EUA vs URSS.

É dificil você lutar com uma pessoa que você conheceu. Joe e eu conversamos muito nas 24 horas anteriores, e nos demos bem. Zane perguntou se estava tudo bem ser o Corner de Joe, e eu disse que sim, tudo bem. Sem ressentimentos, e eu escolhi o Frederico Lapenda para ser meu técnico. Fomos chamados para a arena, e eu sabia um pouco sobre o estilo de luta de Joe, assistindo ele nos eventos do UFC. Eu sabia que ele era um bom trocador, mas também era do time de judo então isso significa que ele não era bobo no chão. Ele era muito maior que o primeiro oponente que enfrentei, então eu iria enfrentar alguém mais parecido comigo em força e tamanho. Depois da minha primeira luta eu estava mais confiante, Iria testar minhas habilidades de trocação que eu estava treinando, contra Joe. Então, meu plano era ir e boxear com ele e nocautear. O árbitro disse aquelas palavras de novo, nós cruzamos o cage e nos encontramos no meio. Todo novato no boxe começa com um jab, e foi exatamente isso que eu fiz. Tão breve quanto eu toquei a cara dele, eu senti uma dor em meus lábios. Ele contragolpeou com um gancho de esquerda! Ele era mais rápido do que eu esperava, então eu pensei “foda-se” e fui em um double leg. Ele me parou com seus quadris tal qual um wrestler, entao eu fui para a posição “abraço de urso” para tentar um suplex barriga-barriga.

Consegui derruba-lo, então arrastei ele para o meu lado da jaula, aonde Frederico poderia me instruir facilmente. As coisas estavam acontecendo e a vitória estava próxima, mas eu fiz um movimento mal executado, e de algum jeito ele pegou meu joelho/tornozelo. Isso era uma posição perigosa para uma finalização.

Depois de alguns movimentos bizarros, eu consegui ir para cima de novo. Ele estava se esquivando de meus socos muito bem, e era difícil dar um golpe limpo nele. Finalmente consegui dar um grande hammerfist em seu olho, e ele imediatamente bateu falando “estou acabado”. Imediatamente parei de golpear (antes mesmo do árbitro interferir), e ajudei ele a se levantar. Eu não sou um cuzão, e não vou acertar alguém quando ele não quer mais ser acertado. Eu estava esperançoso que meus oponentes fariam o mesmo por mim. Nos abraçamos e fomos juntos ao vestiário. Próxima luta era Igor vs Atvyetsun e Igor foi o vitorioso. A final era então Nutter vs Vovchanchyn. (primeira luta… nós lutamos novamente no Brasil). A coisa boa dessa luta, era que eu teria meus manos do EUA no meu corner (Joe, Zane e Frederico). Diria que 98% dos lutadores sao caras legais. Apesar de Joe e eu termos saido na mão, nós sabiamos que era apenas um esporte, e ganhar ou perder, para mim, é melhor se continuarmos amigos depois. Sei que não são todos os lutadores que dividem minha filosofia.

Naquela época havia uma revista chamada Full Contact Fighter, e era a melhor na época. Eu vi que esse cara, Igor, era ranqueado na décima segunda posição, no rank pound for pound, e tinha um cartel muito impressionante. Ele terminou sua carreira com um cartel de 55-10 e no ano 2000 foi rankeado na segunda posição, atrás de Mark Coleman no GP do Pride. De qualquer forma, eu estava muito confiante, e eu era maior e mais alto que ele, e eu tinha ganho de um veterano do UFC. Entrei na arena com minha comitiva e Igor chegou com seus amigos russos.

Atravessamos o ringue e nos cumprimentamos, ele não mostrou nenhum desrespeito e eu senti que ele era um cara gente boa. Começamos a luta, cruzamos a jaula e eu sabia que ele era um kickboxer, então nem fudendo que eu ia trocar com ele. Dei um double leg e derrubei ele no chão, e soltei uma quantidade generosa de socos. Essa era, sem sombra de dúvidas, a luta mais fácil de todas até então! Eu estava conectando grandes golpes, quando comecei a refletir comigo mesmo: Por que esse cara não desistiu ainda? Em retrospecto, eu acho que sei a razão. Ele passou a vida toda na pobreza, lutando por comida e dinheiro. Essa luta na jaula não era pior do que ele experimentava todos os dias na vida, crescendo em Kiev, Ucrânia. Eu, por outro lado, fui um mimado. Tive uma familia incrível que nos dava comida (olhando para mim, eles provavelmente fizeram um trabalho muito bom nos alimentando). No país em que viviamos, não precisavamos lutar todos os dias para viver.

Eramos de duas realidades diferentes, e a realidade dele o fez mais duro mentalmente e psicologicamente. Ele precisava do prêmio para alimentar a família dele, e ele não ia desistir sem uma luta.

Então a luta ia bem para mim, e, por favor, assista o vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=lCDxfwF59Io&feature=youtu.be

Não precisa assistir ele todo, apenas 14 segundos. Avance para o tempo de 1h 36m 30s e assista até o tempo de 1h 36m 44s. Nestes 14 segundos, você vai ver Igor desistir e bater. O árbitro parou a luta e eu pensei que tinha ganho. Ele recomeçou a luta, e Igor desistiu de novo! A luta recomeçou, e ele pode sair debaixo e tbm me acertou uma cabeçada (com a nuca) no meu nariz, o fazendo sangrar. Foi aí que a luta começou a ir ladeira abaixo para mim. Eu pensei que havia ganho, fiz esse russo casca grossa bater, e agora tinha que fazer tudo de novo, com meu nariz quebrado e sangrando. No 5 minuto de luta ele bateu, mas depois de 24 minutos, quem bateu fui eu, e eu me arrependo disso. Basicamente bati de frustração, eu nunca havia lutado nem no wrestling 24 minutos, minhas mãos doiam por socar. Eu embaraçosamente bati sem motivo algum! Igor levanta-se e a multidão vai a loucura. Eu, infelizmente, tive que responder aos meus amigos americanos que me perguntaram a razão de eu ter batido, e e tudo que eu pude responder foi: Eu não sei.

Essa foi a minha primeira experiência de luta! Ainda passei 3 dias loucos em Israel depois da luta!

Deus abençoe e se cuidem!

Nutter.

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Caraca @rivvithead, agradeço muito por esse material sensacional. Você trouxe um material maravilhoso com uma tradução impecável, parabéns! Que história bacana e muito engraçado o Nutter. Realmente era uma dureza lutar tantas vezes numa noite sem saber nada do oponente. Muito obrigado, grande abraço!

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