Entre para seguir isso  
antamoeba

Entrevista: Eduardo Alonso pondera decisões mercadológicas do UFC

Recommended Posts

De uns tempos para cá o UFC se envolveu em polêmicas em relação a casamentos de disputas de cinturão. Para muitos, a organização peca em se preocupar mais com a venda de pay-per-view do que aumentar sua credibilidade, o que, teoricamente, refletirá em lucros no futuro. Alguns lutadores brasileiros vêm sofrendo com isso, como Demian Maia, José Aldo e Ronaldo Jacaré, que há tempos esperam disputar o título de suas respectivas categorias.

Em uma longa entrevista ao PVT, o empresário Eduardo Alonso analisou a situação, negou que exista uma perseguição aos lutadores brasileiros e apontou um momento crítico que, dependendo do rumo que o UFC tomar, poderá atingir positivamente ou negativamente o futuro do MMA.

“Não vejo perseguição contra brasileiros, é uma questão mercadológica. Vivemos um momento em que o Brasil não se torna um mercado tão rentável como já foi, tudo isso em virtude da crise, das dificuldades de momento, então é natural que haja uma ênfase maior em outros mercados. Como negócio, interessa ao UFC ter campeões em diversos mercados de maneira estratégica”, avaliou o manager. “Espero que o Jacaré tenha sua disputa de cinturão em breve, como espero também que todos aqueles que sejam merecedores, sejam da nacionalidade que forem, tenham sua disputa de cinturão. Acredito que se não tivessem tantos brasileiros disputando cinturão recentemente, o Jacaré já teria tido a chance dele e talvez até o Demian também. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e ver qual o perfil que essa nova direção vai colocar para o futuro do UFC, que afetará todo o futuro do nosso esporte”.

Confira a análise na íntegra:

PVT: Tem gente que acredita em uma possível perseguição aos lutadores brasileiros. Qual a sua opinião quanto a isso?

Eduardo Alonso: Não vejo perseguição contra brasileiros, é uma questão mercadológica. Vivemos um momento em que o Brasil não se torna um mercado tão rentável como já foi, tudo isso em virtude da crise, das dificuldades de momento, então é natural que haja uma ênfase maior em outros mercados. Como negócio, interessa ao UFC ter campeões em diversos mercados de maneira estratégica.

A gente tem muitos atletas de alto nível no Brasil, então não tem aquela pressa de dar title-shot ou não para mais um brasileiro, na minha opinião. Dependendo desse brasileiro, se não for um brasileiro que tenha uma rentabilidade grande para um evento, não seja um cara midiático, que não tenha um estilo de luta tão empolgante, é claro que será mais difícil. E a gente não tem como negar que o Jacaré e o Demian, por serem atletas do estilo mais tradicional de artes marciais, caras que vêm de uma luta agarrada, de repente o UFC não faz tanta questão como estratégia de mercado de levantar eles como campeões.

Ter um Bisping campeão – o que de certa forma foi uma surpresa e um acaso para o próprio planejamento do UFC, uma vez que ele entrou como substituto – não é uma coisa desprezível para o UFC. É um cara inglês, é um local onde eles não têm tantas opções de atletas para trabalhar. Isso infelizmente a gente tem que compreender. Como disse anteriormente, precisa haver um equilíbrio e o esporte tem que encontrar sua identidade e decidir se quer ser um esporte, puramente um espetáculo ou pelo menos achar um equilíbrio. Na minha opinião, para longo prazo, você tem que ser um esporte com um mínimo de credibilidade, do contrário você começa a perder mercado a longo prazo.

PVT: A venda do UFC, de certa forma, dá esperança em relação a mudanças na filosofia?

Eduardo Alonso: Com essa mudança de proprietários, a gente espera que os caminhos sejam traçados com uma clareza e uma objetividade bacana, porque é uma carreira difícil e você fica cerceado de atingir certos patamares, possibilidades ou desenvolver a carreira de um atleta de tal maneira se você não tem a oportunidade de estar em certas situações, como por exemplo, você vai ganhando as lutas e não ganha o title-shot nunca… Neste momento mesmo, na categoria do Demian, não é só ele, mas o Wonderboy também é um cara que está merecendo muito uma disputa de cinturão.

Esse status quo que se instaurou de se privilegiar o marketing e toda essa polêmica começa a gerar repercussões. O Woodley agora está tentando correr de uma luta contra o Wonderboy de qualquer maneira, porque não é uma luta que vá render tanto dinheiro para ele quanto outras, além de eventualmente ser uma luta estilisticamente pior para ele, e ele está fazendo isso de uma maneira muito ostensiva, coisa que não acontecia anos atrás. Eu acho que o UFC, como instituição, tem que tomar cuidado com o recado que ele passa a partir do momento em que ele toma certas decisões. Toda decisão tem uma consequência. Você começa a casar lutas quase que de maneira aleatória… E é um processo que se iniciou há algum tempo, não é novidade. O Nick Diaz disputou o cinturão contra o St-Pierre vindo de derrota, o Condit tinha perdido duas lutas, ganhou do Tiago Pitbull e já disputou o cinturão na sequência, o próprio Woodley não era de repente o cara mais merecedor para disputar, agora o Dan Henderson vinha de derrotas, teve uma vitórias e já está disputando o cinturão, passando na frente de caras que estavam merecendo mais. É complicado. Você não vê isso em outros esportes. Como eu já disse: se o Barcelona ou o Bayern de Munique são eliminados para o Altético de Madrid em uma semifinal da Champions, você não tira o Atlética de Madrid da final porque o outro vai vender mais. Existe uma credibilidade a manter para que você possa ser respeitado como instituição esportiva e crescer de fato. Todas essas ligas que faturam muito dinheiro, muito mais que o UFC, como a NFL, têm sistemas objetivos e o UFC vai continuar não tendo. Até quando? Até que ponto isso é a melhor decisão pensando no longo prazo do nosso esporte, no futuro do UFC? A curto prazo faz bastante dinheiro. Os antigos proprietários, por quem eu tenho muito respeito, acabaram de vender o evento, então de repente para eles era interessante capitaliza o quanto antes mesmo. Agora, esses novos donos que investiram muito dinheiro, qual o plano deles para o retorno, como eles querem estruturar esse futuro? Acho que é um momento crucial de se achar uma identidade e um objetivo para o nosso esporte.

PVT: O que você espera para o futuro?

Eduardo Alonso: Espero que o lado esportivo seja considerado, pois repito, acredito que, para longo prazo, é muito importante, e para os atletas mais ainda. Lógico, sempre vai existir uma influência do businesses, é natural, mas acho que isso pode ser feito dentro de um equilíbrio maior. Espero que o Jacaré tenha sua disputa de cinturão em breve, como espero também que todos aqueles que sejam merecedores, sejam da nacionalidade que forem, tenham sua disputa de cinturão. Acredito que se não tivessem tantos brasileiros disputando cinturão recentemente, o Jacaré já teria tido a chance dele e talvez até o Demian também. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e ver qual o perfil que essa nova direção vai colocar para o futuro do UFC, que afetará todo o futuro do nosso esporte.

-----------------------------------------------------------------------

Entrevista bacana. Foi mal o post com um puta viés confirmatório pela minha parte, mas é exatamente o que eu sempre disse aqui, o Alonso resumiu com maestria.

Eduardo Alonso:

(...)

"Como disse anteriormente, precisa haver um equilíbrio e o esporte tem que encontrar sua identidade e decidir se quer ser um esporte, puramente um espetáculo ou pelo menos achar um equilíbrio. Na minha opinião, para longo prazo, você tem que ser um esporte com um mínimo de credibilidade, do contrário você começa a perder mercado a longo prazo."

"Como eu já disse: se o Barcelona ou o Bayern de Munique são eliminados para o Altético de Madrid em uma semifinal da Champions, você não tira o Atlética de Madrid da final porque o outro vai vender mais. Existe uma credibilidade a manter para que você possa ser respeitado como instituição esportiva e crescer de fato. Todas essas ligas que faturam muito dinheiro, muito mais que o UFC, como a NFL, têm sistemas objetivos e o UFC vai continuar não tendo. Até quando? Até que ponto isso é a melhor decisão pensando no longo prazo do nosso esporte, no futuro do UFC? A curto prazo faz bastante dinheiro. Os antigos proprietários, por quem eu tenho muito respeito, acabaram de vender o evento, então de repente para eles era interessante capitaliza o quanto antes mesmo. Agora, esses novos donos que investiram muito dinheiro, qual o plano deles para o retorno, como eles querem estruturar esse futuro? Acho que é um momento crucial de se achar uma identidade e um objetivo para o nosso esporte."

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

(...)

"Como disse anteriormente, precisa haver um equilíbrio e o esporte tem que encontrar sua identidade e decidir se quer ser um esporte, puramente um espetáculo ou pelo menos achar um equilíbrio. Na minha opinião, para longo prazo, você tem que ser um esporte com um mínimo de credibilidade, do contrário você começa a perder mercado a longo prazo."

"Como eu já disse: se o Barcelona ou o Bayern de Munique são eliminados para o Altético de Madrid em uma semifinal da Champions, você não tira o Atlética de Madrid da final porque o outro vai vender mais. Existe uma credibilidade a manter para que você possa ser respeitado como instituição esportiva e crescer de fato. Todas essas ligas que faturam muito dinheiro, muito mais que o UFC, como a NFL, têm sistemas objetivos e o UFC vai continuar não tendo. Até quando? Até que ponto isso é a melhor decisão pensando no longo prazo do nosso esporte, no futuro do UFC? A curto prazo faz bastante dinheiro. Os antigos proprietários, por quem eu tenho muito respeito, acabaram de vender o evento, então de repente para eles era interessante capitaliza o quanto antes mesmo. Agora, esses novos donos que investiram muito dinheiro, qual o plano deles para o retorno, como eles querem estruturar esse futuro? Acho que é um momento crucial de se achar uma identidade e um objetivo para o nosso esporte."

Perfeito do meu ponto de vista. Esses dias também dei exemplo aqui no Brasil, onde só teríamos Flamengo e Corinthians se fizéssemos apenas os times de maior torcida jogar a final. Pode não ser o melhor, mas tem muito bem como promover um São Caetano quando chega à final, por exemplo.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Perfeito do meu ponto de vista. Esses dias também dei exemplo aqui no Brasil, onde só teríamos Flamengo e Corinthians se fizéssemos apenas os times de maior torcida jogar a final. Pode não ser o melhor, mas tem muito bem como promover um São Caetano quando chega à final, por exemplo.

Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Time é uma coisa que ce torce independente de jogador.

Não tem nada a ver comparar com competição individual ainda mais onde o atleta fica tão pouco tempo no auge.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Time é uma coisa que ce torce independente de jogador.

Não tem nada a ver comparar com competição individual ainda mais onde o atleta fica tão pouco tempo no auge.

Se for no rigor do exemplo, concordo que é forçado, mas daí a dizer que não tem nada a ver, eu discordo. Eu concordei com o Alonso e reiterei um exemplo meu, que se a final fosse por torcida, seria sempre os mesmos times. O que vemos hoje é mais ou menos isso: sempre os mesmos disputando o cinturão. Sempre os mesmos lutando. Conor e Nate, Nate e Conor. Edgar, sempre disputindo. Faber, sempre disputando. GSP volta e vai pro TS. Quero dizer que um nome ou uma torcida não pode se escalar direto na final. Tem que subir alguns degraus, pegar a fila do ranking.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Se for no rigor do exemplo, concordo que é forçado, mas daí a dizer que não tem nada a ver, eu discordo. Eu concordei com o Alonso e reiterei um exemplo meu, que se a final fosse por torcida, seria sempre os mesmos times. O que vemos hoje é mais ou menos isso: sempre os mesmos disputando o cinturão. Sempre os mesmos lutando. Conor e Nate, Nate e Conor. Edgar, sempre disputindo. Faber, sempre disputando. GSP volta e vai pro TS. Quero dizer que um nome ou uma torcida não pode se escalar direto na final. Tem que subir alguns degraus, pegar a fila do ranking.

Conor e Nate não vale nada além do entretenimento.

Edgar precisou vencer CINCO adversários pra ter a chance de disputar o INTERINO. Faber venceu 4 antes de ter a segunda luta com Barão.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Time é uma coisa que ce torce independente de jogador.

Não tem nada a ver comparar com competição individual ainda mais onde o atleta fica tão pouco tempo no auge.

Concordo que comparar com um time pode ser nada a ver.

No entanto, dá para pegar a anologia para vários esportes individuais. Por exemplo, como um tenista com menos nome bater um Djokovic da vida e acabar garantindo a final de Roland Garros. Mas o torneio decide fazer a disputa do título com Federer porque ele é mais conhecido da torcida e possivelmente vai vender mais PPV e ingressos.

Pode soar meio nada a ver ainda, eu sei. Então vamos considerar, por validade de argumento, que o mundo da luta é mesmo muito peculiar para que possamos traçar analogia com outros esportes (lutas freak e/ou por entretenimento sempre aconteceram mesmo... e às vezes é legal sim). Beleza. Mesmo assim, cara, uma coisa é colocar uma luta de vez ou outra no card com um aspecto mais de entretenimento, outra é travar categorias, mexer com a disputa do cinturão a torto e a direito, criar revanches que não fazem sentido. Isso mina com a imagem do evento a longo prazo. Por qual razão vou torcer, sei lá, para o lutador número 4 do ranking de uma dada categoria subir para a 3a posição do ranking (tipo o Demian), se eu sei que isso virtualmente não garante quase nada em termos de title shot?

Tirando a analogia talvez meio nada a ver do time de futebol, acho que esse era o recado que o Eduardo Alonso queria passar, o qual eu concordo.

Editado por antamoeba

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Perfeito do meu ponto de vista. Esses dias também dei exemplo aqui no Brasil, onde só teríamos Flamengo e Corinthians se fizéssemos apenas os times de maior torcida jogar a final. Pode não ser o melhor, mas tem muito bem como promover um São Caetano quando chega à final, por exemplo.

Sempre digo isso. O Dana promove quem ele bem entende.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Assunto recorrente ultimamente. Também pudera.

As coisas tem sim que se equilibrar, tá pendendo demais para o show e cada vez menos para o esporte, principalmente envolvendo, direta e indiretamente, títulos. Mas não é o ufc que vai mudar isso. Nem o ufc, nem nenhuma outra organização de MMA. Porque antes de tudo, essas organizações são empresas de promoção de eventos. Acontece que essas empresas também tem o poder de atuar como liga de seus lutadores, o ufc tem seus campeões e o ufc decide quem luta por cinturão, quando e como tirarão o cinturão de determinado lutador. Mesma coisa com Bellator, WSOF, One, KSW, M-1 etc. Coisa que não deveria estar a cargo dessas empresas, mas vem bem a calhar pra eles, pois da a eles um poder enorme sobre os lutadores, e basicamente os permite fazer isso que a gente tá vendo. Em qualquer área, empresas de promoção de eventos tem como objetivo lucrar com o espetáculo. E eles não irão deixar de lado isso pra fazer justiça. O Bjorn Rebney tentou, mas acabou saindo enxotado da empresa que ele mesmo criou. Atuam esportivamente até onde é possível, mas não vão deixar de lado o show. O que não é bom, pois envolve título nisso tudo. Onde eu quero chegar com isso: sou a favor de tirar o poder de atuar como liga dos promotores. Cria uma ou mais entidades pra atuar exclusivamente com essa parte, acaba com cinturão de organização, que pra mim tem o mesmo valor de um prêmio de funcionário do mês, e coloca todos os lutadores do mundo pra brigar por um mesmo título mundial, tendo um ranking independente. Dá pra criar também títulos nacionais, continentais, etc. Com isso, as organizações ficariam livres para fazer o que elas fazem de melhor, promover o espetáculo, casar "money fights", mas não poderão envolver título nisso, que não irá pertencer a eles. Pra isso seriam necessárias algumas mudanças, mas no fim acho que seria melhor.

Sobre a comparação com futebol e tênis que foi feita, na minha opinião não cabe essa comparação, a não ser que esses esportes fossem de "jogos casados", o que não é o caso. Ou então que o ufc tivesse torneios ainda. Mas no futebol acontecem situações que favorecem popularidade. Quem ganha mais dinheiro de cotas de TV, etc., e por consequência consegue montar times melhores? Os times do eixo Rio-Sp. Por quê? Popularidade. Há quem ache que a divisão deveria ser igual pra todos, eu, mesmo sendo Paranaense e os times daqui só receberem merreca, não acho. Tem que investir mais dinheiro em quem traz mais retorno.

Compartilhar este post


Link para o post
Compartilhar em outros sites

Crie uma conta ou entre para comentar

Você precisar ser um membro para fazer um comentário

Criar uma conta

Crie uma nova conta em nossa comunidade. É fácil!

Crie uma nova conta

Entrar

Já tem uma conta? Faça o login.

Entrar Agora
Entre para seguir isso