Floripa

Entrevista Ricardo Arona

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Fonte: blogs.odia.ig.com.br/mma/

Lenda do Pride, Ricardo Arona se recupera de lesão e alfineta astros do UFC

Por Marcel Tardin

Há momentos na vida onde a atitude mais prudente é dar um passo para trás a fim de caminhar dois à frente. Aos 35 anos, o lutador niteroiense Ricardo Arona atravessa uma etapa em sua carreira semelhante a essa metáfora. Longe do circuito profissional de MMA desde 2009, quando derrotou o norte-americano Marvin Eastman por decisão unânime, no Bitteti Combat 4, o “Guerreiro” sofreu lesões graves nos dois joelhos e aproveitou o tempo fora das batalhas para tocar o projeto de construir um Centro de Treinamentos destinado à formação de novos atletas de MMA em Niterói (RJ).

Em um papo franco com o MMA na Rede, Ricardo revelou como está o andamento do CT, sua condição física, provável retorno aos ringues, lutas histórias que travou no Pride, rivalidade com os oponentes da Chute Boxe, a situação dos antigos campeões brasileiros do UFC e também sobre o movimento crescente das mulheres no esporte.

PRIDE X UFC

Na minha avaliação o Pride e o UFC não têm relação nenhuma. Só pra começar, no Japão, nós lutávamos para um público de 80 a 90 mil pessoas, enquanto que no UFC você luta para 10, 15 mil ou um pouco mais. Só isso já era muito mais pressão. E no Pride não existia esse lado tão comercial que existe no UFC. No Japão era algo mais espiritual, as mulheres tocavam na gente e se emocionavam, os homens entravam em frenesi e um dia perguntei o porque disso, e eles me falaram que o povo se identificava muito com os lutadores por enxergar neles a reencarnação dos samurais.

O país foi construído em cima disso, então existe um respeito imenso. Outra coisa: eram 20 minutos de um estádio em completo silêncio, não existia bebida alcoólica, era uma outra visão do esporte. Ganhando ou perdendo, mas dando tudo de si, você também era um campeão, então nunca ouvi vaias no Pride. O UFC, por outro lado, tem esse lado comercial muito forte, modificou algumas regras para tentar aperfeiçoar o esporte, mas as pessoas veem aquilo como uma festa. Na primeira vez que fui ver um evento do UFC, assim que saí do Pride, tive um choque muito grande pela maneira como as pessoas enxergavam as lutas, às vezes até ignoravam.

Mas é claro que o UFC foi um evento que trouxe a popularização mundial do esporte e isso é inegável. Trouxe dinheiro, patrocínio, mídia, é o lado business da coisa. Gerou oportunidades, sonhos, enriqueceu lutadores e tudo isso se deve a forma como o Dana White e os irmãos Fertitta conduziram o negócio. A minha visão é baseada em um sentido de diferenças de ideologia de um para o outro

LUTAS HISTÓRICAS

O Wanderlei Silva e o Murilo Ninja foi uma guerra de estilos e também uma ideia comprada pela mídia, que inflamou muito essa rivalidade entre Brazilian Top Team (BTT) e Chute Boxe. Mas a coisa girava mais entre nós três porque ganhou grande repercussão entre os jornalistas e por o Wanderlei ser o grande campeão, invicto na época, gerou uma carga ainda maior. Claro que isso foi superimportante para o esporte, mas me tirou muitas noites de sono por adrenalina, já que gera essa pressão de vencer ou vencer. Os caras da Chute Boxe gostavam de provocar e isso mexeu com o meu psicológico.

A luta contra o Overeem também foi muito dura, porque ele estava vivendo um momento de evolução no evento, havia vencido o Vitor na luta anterior, e era muito alto e muito pesado. Isso me deixou com muito receio, mas a luta acabou até antes do que eu previa, resolvi no primeiro assalto. O Dan Henderson também foi uma luta dura, mas entrei mais tranquilo porque encarei como mais um desafio, foi diferente de outras lutas.

WANDERLEI SILVA

O Wanderlei já era campeão do Pride, mas antes da gente se enfrentar ele exigiu que eu lutasse contra o Murilo (Ninja) antes. Consegui vencer e a luta contra ele se tornou inevitável. Quando a gente se enfrentou no GP de 2005 (válido pelos pesos-médios) o meu campeonato pessoal era vencer o Wanderlei, muito mais do que ganhar do Maurício Shogun. Aquela foi a luta da minha vida. Ele pediu uma revanche, lutamos de novo, na noite de Réveillon, e acho que venci a luta de novo, mas deram a vitória a ele. Falei que me considerava o vencedor pra ele depois.

Mas o tempo passou e um dia eu encontrei com ele no UFC, fiquei até preparado para uma confusão, mas ele veio de braços abertos, me abraçou e disse: ‘Aonde você está? Só tá faltando você aqui com a gente!’. Senti sinceridade na atitude dele e aquilo quebrou qualquer vestígio de rivalidade entre a gente. Ele me pediu desculpas por todos aqueles episódios, mas eu também não tenho nada contra o Wanderlei. Inclusive já o encontrei aqui em Itacoatiara curtindo a praia, foi muito engraçado e acho que no fim aprendemos uma lição um com o outro.

THE ULTIMATE FIGHTER BRASIL 3

A verdade é que ninguém quer trocar socos com o Wanderlei, e o Sonnen tem uma facilidade grande de colocar os adversários para baixo. Acho que a luta vai se desenvolver assim, um tentando ganhar na trocação e outro querendo colocar para o chão. Acho que esse TUF vai dar o que falar, porque o Wanderlei é sangue nos olhos, o Sonnen, sem tirar méritos dele, é muito mais de promover do que de lutar. Não é isso tudo, mas vive um bom momento, surpreendeu vencendo o Shogun. Mas vai ser uma grande luta, tem que acontecer, isso se eles conseguirem chegar até o final do programa né (risos).

CRISE DOS CAMPEÕES BRASILEIROS

Sou muito exigente nesse ponto. O Anderson Silva é um fenômeno, um atleta incomparável, mas não consigo entender como ele é colocado para baixo com tanta facilidade (se referindo às lutas contra Chael Sonnen e Chris Weidman). Eu me vejo perdendo qualquer luta, mas eu treino justamente para evitar esse tipo de situação. Talvez se ele enfrentasse um atleta que tenha o conhecimento de jiu-jítsu muito apurado, ele jamais conseguiria escapar. Então o que eu observo nos campeões é que há falhas acontecendo, têm coisas que precisam ser tecnicamente corrigidas.

Muitos campeões que aparecem hoje vencem muitas lutas se garantindo em uma determinada habilidade, porém quando aparece um rival com um ‘anti-jogo’ surgem as dificuldades e isso não pode existir, porque o atleta precisa se moldar a cada luta. Anderson é meu amigo e ele precisa reavaliar isso, por exemplo. O Cigano é outro, vinha de uma sequência incrível de nocautes, mas eu já sabia que uma hora ele não ia conseguir nocautear um desafiante. O Cain Velásquez fez tudo certo, pressionou, sufocou e acabou vencendo. É difícil de dizer, mas talvez esteja faltando uma orientação apropriada. Fiquei muito triste com o resultado da luta pela forma como o Cigano foi vencido, porque faltaram os fundamentos.

O Shogun me surpreendeu porque, como eu já lutei com ele, sei que ele não é o cara mais forte da categoria, no sentido físico mesmo. Ele sempre foi conhecido pela resistência dele, endurance, pressão, volume, mas isso acabou, não está conseguindo mais mostrar isso. Contra o Sonnen ficou preso no chão e acabou finalizado. De jeito nenhum é recalque, porque sou brasileiro e torço por eles, mas é a maneira como tenho visto a coisa e acho que é o treinamento que não está sendo bem feito.

CONTRUÇÃO DO CT

Venho sendo cobrado e eu me cobro muito para concluir logo essas obras do CT, mas infelizmente surgiram alguns problemas que me atrapalharam nesse processo. Mas agora posso dizer que está na reta final da construção, com octógono, tatame, sala de treino funcional, fisioterapia e musculação, tudo pronto para atender a todos que quiserem treinar em Niterói. Até o fim do ano creio que vai estar inaugurado.

INCENTIVO DO MMA NA REGIÃO

Não apenas na luta, mas em diversas outras modalidades esportivas sempre tivemos grandes expoentes aqui em Niterói. É uma cidade conhecida por isso. Mas na luta há um déficit de qualidade, porque poucos por aqui realmente saíram para competir, rodaram o mundo e tem a experiência necessária para passar isso a outros atletas. Eu tive a chance de treinar por dez anos com os melhores do mundo, Carlson Gracie no jiu-jítsu, por exemplo. Eu tenho certeza que através desse projeto vou poder contribuir para a essas pessoas que tem talento e querem, de fato, se tornarem campeões.

CARINHO DOS FÃS

Isso é algo que mexe comigo diariamente. Comecei a competir profissionalmente com 15 anos e a partir disso deixou de ser um lazer para se tornar uma profissão. Além disso, consegui ser campeão no jiu-jítsu, no submission e no MMA, sempre estive no pódio, então consegui fazer história. O que me impressiona é que às vezes eu estou em um lugar longe de tudo, onde acho que não conhecem as lutas, e as pessoas dizem que esperam pela minha volta, acompanhavam o meu trabalho e gostavam da minha forma de lutar. Isso é uma motivação para eu seguir tocando meus projetos.

LESÕES NOS JOELHOS E RETORNO

Na última luta que fiz, no Bitteti Combat, no Maracanãzinho, rompi os ligamentos do meu joelho direito no primeiro round lutando contra o Marvin Eastman. Isso me deixou dois anos parado, por causa da gravidade da lesão e porque eu não parei de lutar, fui até o fim. Quando comecei a me recuperar, ir ganhando o ritmo de treino novamente, eu fui ajudar o Paulo Filho na preparação da luta dele contra o Murilo Ninja, no ano passado, mas o meu outro joelho também começou a doer.

Isso em função de lesões antigas e pelo joelho já estar um pouco sobrecarregado pelo outro ter sido operado, então perto do fim do ano passado, entre setembro e outubro, acabei rompendo os ligamentos do esquerdo também. Estava tudo programado para fazer a cirurgia agora no início desse ano, mas passei problemas pessoais e mais uma vez tive que adiar tudo. Mas no ano que vem vou me dedicar a isso e não posso cravar uma data exata para o meu retorno, mas vou voltar assim que eu me sentir pronto.

VOLTA AO MERCADO DO MMA

Nunca tive dúvidas quanto a isso porque vejo o apelo das pessoas através da Internet e pessoalmente. E não apenas no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa também. Muita gente me diz que sente saudades do meu estilo de luta de enfrentar, ir para dentro, derrubar com um ground e pound na pressão, porque dizem que não veem mais isso nos ringues. Mas é como eu disse, quando eu estiver pronto tenho certeza que o mercado vai ser abrir novamente”

MENINAS NO MMA

As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço em cargos importantes na nossa sociedade, vemos isso todos os dias, e a luta não está fugindo disso. Mas acho que é um universo mais difícil para as mulheres porque ainda é um esporte muito direcionado aos homens e envolve força, agressividade e outros elementos que se encaixam na esfera do MMA. Mas acho até que tem muitas mulheres mais dedicadas e bem treinadas que alguns homens, então é um esporte que está aberto e elas estão gostando muito.

Editado por Floripa

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Mestre dos mestres !!!

GUERREIRO, GUERREIRO, LEVANTA A GUARDA E VAI LUTAR !!!!!!!!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=yiBjVrWoJEI

que saudades da época de ouro do mma !!!

olhem a cara de selvagem do tigre brasileiro, mostrando toda sua garra !

Editado por Heinz

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Acredito que uma possível volta do Arona seria um reprise do vivido pelo Paulão Filho.. Vejo de bons olhos que o mesmo se mantenha na aposentadoria, só gostaria que tivesse um discurso mais coerente e realista em relação a isso..

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Era muito fã desse cara, mas sinceramente...

+ do mesmo!

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Entrevita TOP! Melhor entrevista que eu já vi de um lutador.

WAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR MESTRE ARONA!!!!!! 2015 É SEU ANO E NINGUÉM VAI TOMAR O SEU POSTO!!! NINGUÉM!!!!!!!!

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Fonte: blogs.odia.ig.com.br/mma/

Lenda do Pride, Ricardo Arona se recupera de lesão e alfineta astros do UFC

Por Marcel Tardin

PRIDE X UFC

Na minha avaliação o Pride e o UFC não têm relação nenhuma. Só pra começar, no Japão, nós lutávamos para um público de 80 a 90 mil pessoas, enquanto que no UFC você luta para 10, 15 mil ou um pouco mais. Só isso já era muito mais pressão. E no Pride não existia esse lado tão comercial que existe no UFC. No Japão era algo mais espiritual, as mulheres tocavam na gente e se emocionavam, os homens entravam em frenesi e um dia perguntei o porque disso, e eles me falaram que o povo se identificava muito com os lutadores por enxergar neles a reencarnação dos samurais.

Sempre mestre!! Boa entrevista!!

Editado por PsymarleyDF

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galera nao bota fé na legião de fãs do arona. Olha ele ai falando, nao pode sair na rua que ja vem alguem pedindo pela volta do mestre. Até dezembro ja inaugura o CT tb, a coisa ta começando a andar.

O mestre mostrou que esse tempo fora foi util em observar as coisas, ele deu a letra na derrota do cigano e AS, sem duvida alguma seria um ótimo corner para ajuda-los a recuperar a cinta.

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Excepcional a entrevista! Pareceu mto franco e sincero. Poderia ter aproveitado a oportunidade para anunciar a aposentadoria, pq ninguém mais acredita que ele vai voltar a lutar. essa contusão de joelho agora é a desculpa, antes era a construção do octorringue.

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quando o tigre voltar, uma revolução acontecerá...

a jaula nunca antes esteve tao fertil, cada passo é um filho, sangue de josé arona tem poder

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as ele veio de braços abertos, me abraçou e disse: ‘Aonde você está? Só tá faltando você aqui com a gente!’.

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Boa entrevista, acho que a melhor que já vi dele.

Mas é muito engraçado ainda falar em estar se recuperando de lesão e em concluir esse CT...

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Rampage Vs Arona no Bellator iria ser bom pro evento.

Iria comentar exatamente isso.

Valeu!

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